Turquia: Efeso (Ephesus)
- Anna Karen Moraes Salomon
- 15 de ago.
- 9 min de leitura
Banhos de mármore, ruas ladeadas por colunas e uma biblioteca monumental: Éfeso é um mergulho nas maravilhas do mundo antigo. Localizada em Selçuk, no oeste da Turquia, a cidade foi um dos mais importantes centros comerciais, culturais e religiosos do Mediterrâneo, abrigando o lendário Templo de Ártemis, uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo. Hoje, suas ruínas impressionam pela grandiosidade e pelo estado de preservação, oferecendo ao visitante uma viagem inesquecível pela história greco-romana e pelas camadas milenares da Anatólia.

Onde fica?
Éfeso (Efes, em turco) está localizada próximo à cidade de Selçuk, na costa oeste da Turquia, a cerca de 80 km ao sul de Ízmir e 20 km do porto de Kusadasi. Fica numa região de fácil acesso a partir de cidades turísticas do Mar Egeu, especialmente para quem está viajando pela costa ou em cruzeiros.

Origem do nome
O nome Éfeso vem do grego antigo Ἔφεσος (Éphesos), embora sua origem exata permaneça incerta. Alguns estudiosos acreditam que ele possa derivar de uma palavra da antiga língua luvita ou hitita, possivelmente relacionada a um local sagrado ou a um assentamento costeiro, refletindo as raízes muito anteriores à colonização grega na região.
Já na tradição mítica, há a narrativa de que a cidade teria sido fundada por Amazonas lideradas por uma figura chamada Ephesia ou Ephesos, o que teria inspirado o nome. Essa versão, no entanto, é considerada mais uma lenda fundacional do que uma explicação histórica comprovada.
O mais provável é que o nome tenha se consolidado durante o período grego, preservando ecos da Anatólia pré-helênica.
Um pouco da história desse destino
Éfeso é um dos sítios arqueológicos mais bem preservados e mais visitados da Turquia, não apenas pela grandiosidade de suas ruínas, mas pela importância que teve ao longo de milênios.
A cidade tem origem no período micênico (c. 1500 a.C.), mas ganhou forma urbana a partir do século X a.C., quando colonos gregos jônios estabeleceram um porto estratégico próximo à foz do rio Caístro. Sua localização favorecia o comércio marítimo e terrestre, tornando-a um elo vital entre a Anatólia e o Mediterrâneo.
Entre os séculos VI e IV a.C., passou por diferentes domínios — lídios, persas e, após as campanhas de Alexandre, helenísticos — sempre se beneficiando de investimentos urbanos e culturais. Foi nesse período que ganhou fama o Templo de Ártemis, uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo, dedicado à deusa da caça e da fertilidade. Com colunas de 18 metros e decoração refinada, atraiu peregrinos e comerciantes de todo o mundo antigo.
No período romano (a partir de 133 a.C.), Éfeso atingiu seu auge. Tornou-se a capital da província da Ásia e um dos portos mais movimentados do Império, com população estimada em 200 a 250 mil habitantes. A cidade contava com um sistema de água encanada, ruas pavimentadas em mármore, teatros monumentais, bibliotecas e banhos públicos. A riqueza cultural se refletia na arquitetura: construções como a Biblioteca de Celso e o Grande Teatro são testemunhos do nível de sofisticação atingido.
No campo religioso, Éfeso também foi um centro do cristianismo primitivo. O apóstolo Paulo viveu e pregou aqui por cerca de três anos, e segundo a tradição, Maria, mãe de Jesus, teria passado seus últimos anos em uma casa próxima, hoje um local de peregrinação. A cidade é citada no Livro do Apocalipse como uma das Sete Igrejas da Ásia.
O declínio começou a partir do século III, com terremotos e invasões godas. O porto foi gradualmente assoreando, afastando a cidade do mar e reduzindo sua importância comercial. No período bizantino, continuou sendo sede episcopal, mas perdeu o protagonismo.
Após a conquista seljúcida (povo de origem turcomena - turca nômade da Ásia Central - que governou vastas áreas do Oriente Médio e da Anatólia entre os séculos XI e XIII) e, mais tarde, otomana, o núcleo urbano foi transferido para áreas vizinhas, e as ruínas de Éfeso permaneceram abandonadas até serem redescobertas por arqueólogos europeus no século XIX.
Hoje, a cidade antiga é Patrimônio Mundial da UNESCO e um dos mais impressionantes testemunhos da urbanização greco-romana, recebendo centenas de milhares de visitantes todos os anos.
Curiosidades
Cidade das Amazonas? – Lendas gregas atribuem a fundação de Éfeso a guerreiras amazonas lideradas por uma figura chamada Ephesia ou Ephesos. Apesar de não haver comprovação histórica, a narrativa foi usada como mito fundacional.
Terra de uma das Sete Maravilhas – O Templo de Ártemis (denominada de Diana pelos romanos), a protetora dos bosques, da caça e dos animais selvagens, em Éfeso, era tão imponente que foi citado por todos os principais cronistas da Antiguidade. Tinha mais de 100 colunas e atraía peregrinos de todo o mundo antigo. O monumento foi uma das sete maravilhas do mundo antigo: Era composto por 127 colunas de mármore dispostas em filas duplas, todas decoradas com obras de arte, tendo cada uma 20 metros de altura. Tinha 138 metros de comprimento e 71,5 metros de largura.

Centro cosmopolita da Antiguidade – Durante o período romano, Éfeso foi a capital da província da Ásia e um dos maiores portos comerciais do Mediterrâneo oriental.
Ponto de encontro de religiões – A cidade abrigou cultos pagãos, foi importante para o cristianismo primitivo (onde, segundo a tradição, viveu o apóstolo João) e também recebeu comunidades judaicas e outras minorias.
Biblioteca high-tech para a época – A Biblioteca de Celso não era apenas um depósito de livros: tinha um sistema de ventilação para preservar pergaminhos e até uma “passagem secreta” ligando-a a um bordel.

Porto que desapareceu – Antigamente, o mar chegava até a Rua do Porto, mas o assoreamento do rio Kaystros afastou a linha costeira para quilômetros de distância.
Banheiros públicos avançados – As latrinas coletivas tinham assentos de mármore e um sistema de água corrente, mostrando o nível de engenharia e higiene urbana da cidade.

Casas em Terraço, símbolo de status – Moradias luxuosas com mosaicos e afrescos coloridos eram equipadas com aquecimento central rudimentar e água encanada.


Patrimônio mundial – O sítio arqueológico de Éfeso é Patrimônio Mundial da UNESCO desde 2015.
Cidade de pedras, mas viva – Ainda hoje, eventos musicais e teatrais acontecem no Grande Teatro, dando vida ao espaço que ecoa histórias de mais de 20 séculos.
O que ver por lá
Odeon (20 min) – Pequeno teatro coberto, usado para apresentações musicais e assembleias do conselho da cidade. Sua capacidade era de cerca de 1.500 pessoas, o que permitia um ambiente mais intimista e reservado que o Grande Teatro. A acústica ainda hoje impressiona.
Ágora superior (Estatal) (20 min) – Situada na parte alta de Éfeso, próxima ao Odeon, era o centro administrativo e político da cidade. Cercada por colunatas e edifícios públicos, como o Prytaneion, abrigava conselhos, tribunais e cerimônias oficiais. Suas pedras ainda preservam inscrições e detalhes arquitetônicos, e seu ambiente mais silencioso convida a imaginar a vida política e institucional na Antiguidade.
Rua Curetes (primeiro trecho) (40 min) – Caminhe observando colunas, mosaicos e placas explicativas. A via mais movimentada de Éfeso na Antiguidade, ligava a Biblioteca de Celso ao Portão de Hércules. Era ladeada por colunatas, lojas e casas, muitas com mosaicos no piso. Ao caminhar por ela, nota-se o desnível e o sistema de drenagem que evitava alagamentos. O nome "Curetes" vem de sacerdotes mitológicos que participavam de ritos em honra a Ártemis.
Templo de Adriano (20 min) – Um dos edifícios mais elegantes do sítio, erguido no século II d.C. para homenagear o imperador Adriano. Sua fachada semicircular e os relevos internos retratam lendas e a fundação mítica de Éfeso. É um ótimo exemplo da transição estilística entre a arquitetura romana clássica e a ornamentação mais carregada do período tardio. Vale explorar a fachada e os relevos com calma.
Latrinas (15 min) – Rápida visita para entender o sistema sanitário. Os banheiros públicos romanos mostram como o saneamento da cidade era avançado. Bancos de mármore com aberturas alinhadas e um sistema contínuo de água corrente garantiam higiene e limpeza. Eram espaços sociais, onde conversas e negociações aconteciam enquanto os cidadãos utilizavam as instalações.
Casas em Terraço (1h, entrada paga à parte) – Um conjunto de residências luxuosas da elite efésia, dispostas em patamares na encosta. Preservam afrescos coloridos, mosaicos detalhados e sistemas de aquecimento por hipocausto. A visita é feita por passarelas suspensas, permitindo ver de perto as áreas internas sem danificar as estruturas.
Biblioteca de Celso (40 min) – Reserve tempo para observar a fachada e fazer fotos.
Ágora comercial (30 min) – Localizada próxima à Biblioteca de Celso e à Rua do Porto, funcionava como o principal centro mercantil de Éfeso. Era o centro comercial da cidade. De formato quadrado e ladeada por pórticos, concentrava bancas, armazéns e oficinas que recebiam mercadorias vindas do porto. Hoje, suas ruínas ainda revelam a estrutura das lojas e a dimensão da intensa atividade econômica que movimentava a cidade.
Grande Teatro (30 min) – Construído no século III a.C. e ampliado pelos romanos, é uma das maiores estruturas teatrais do mundo antigo, com capacidade para cerca de 25 mil pessoas. Servia tanto para apresentações teatrais quanto para eventos políticos e combates de gladiadores. Sua acústica impressiona, e subir até as fileiras superiores oferece uma vista ampla do sítio arqueológico e da antiga ligação com o mar.
Rua do Porto (20 min) – Conhecida como Arcadian Street, era a via monumental que conectava o porto ao Grande Teatro. Ladeada por colunas e ornamentos, tinha cerca de 530 metros de extensão e era iluminada por lamparinas à noite, algo raro na Antiguidade. Caminhar por ela ajuda a visualizar o fluxo de mercadorias e pessoas que chegavam de navios e seguiam para o coração da cidade.
Templo de Ártemis (20 min) – Localizado fora do sítio principal de Éfeso, em Selçuk, foi uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo. Hoje restam apenas as fundações e uma coluna reconstruída, mas o local ainda transmite a dimensão histórica e simbólica do templo, dedicado à deusa da caça e protetora da cidade.
Museu de Selçuk (40 min) – Pequeno, mas rico em acervo, guarda esculturas, relevos, afrescos, moedas e objetos originais encontrados em Éfeso e no Templo de Ártemis. É o complemento ideal para entender melhor o contexto artístico e cultural da região, já que muitas peças vistas no sítio são réplicas e os originais estão ali protegidos.
Basílica de São João (30 min) – Se houver tempo, vale incluir este sítio histórico próximo. Situada no alto de uma colina em Selçuk, foi construída pelo imperador Justiniano no século VI sobre o local onde, segundo a tradição cristã, está o túmulo do apóstolo João. Mesmo em ruínas, mantém arcos imponentes e oferece uma vista panorâmica da cidade e da cidadela de Ayasuluk.
Sugestão de roteiro de 1 dia em Efeso
Parte alta e descida inicial (2h)
Odeon (15min) – Pequeno teatro coberto, usado para apresentações musicais e assembleias do conselho da cidade.
Ágora superior (Estatal) (15 min) – Centro administrativo e político da cidade. Cercada por colunatas e edifícios públicos, como o Prytaneion, abrigava conselhos, tribunais e cerimônias oficiais.
Rua Curetes (primeiro trecho) (20 min) – A via mais movimentada de Éfeso na Antiguidade, ligava a Biblioteca de Celso ao Portão de Hércules.
Templo de Adriano (15 min) – Um dos edifícios mais elegantes do sítio, erguido no século II d.C. para homenagear o imperador Adriano.
Latrinas (10 min) – Rápida visita para entender o sistema sanitário.
Casas em Terraço (40 min, entrada paga à parte) – Um conjunto de residências luxuosas da elite efésia, dispostas em patamares na encosta.
Parte baixa do sítio (1h30)
Biblioteca de Celso (15 min) – Reserve tempo para observar a fachada e fazer fotos.
Ágora comercial (20 min) – Funcionava como o principal centro mercantil de Éfeso. Era o centro comercial da cidade.
Grande Teatro (20 min) – Uma das maiores estruturas teatrais do mundo antigo, com capacidade para cerca de 25 mil pessoas.
Rua do Porto (10 min) – Conhecida como Arcadian Street, era a via monumental que conectava o porto ao Grande Teatro.
Final do dia – Arredores (1h30)
Templo de Ártemis (20 min) – Fundações e uma coluna reconstruída histórica e simbólica do templo, dedicado à deusa da caça e protetora da cidade, que foi uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo.
Museu de Selçuk (40 min) – Pequeno, mas rico em acervo, guarda esculturas, relevos, afrescos, moedas e objetos originais encontrados em Éfeso e no Templo de Ártemis.
Basílica de São João (30 min) – Construída pelo imperador Justiniano no século VI sobre o local onde, segundo a tradição cristã, está o túmulo do apóstolo João.
Sugestão de roteiro de meio dia em Efeso
Se você tiver apenas meio período (cerca de 4 a 5 horas úteis) para visitar Éfeso, a melhor estratégia é fazer um percurso linear da entrada superior (próxima ao Magnesia Gate) até a saída inferior, aproveitando a descida natural e priorizando os pontos mais impressionantes. Aqui vai uma sugestão otimizada:
Entrada Superior / Magnesia Gate
Odeon (10 min) - Pequeno teatro usado para reuniões políticas e apresentações musicais.
Ágora Superior (15 min) - Centro administrativo da cidade, cercado por colunatas e prédios oficiais.
Rua Curetes (25 min) - Via ladeada por colunas, mosaicos e fachadas restauradas, observando o Templo de Adriano e as Latrinas no caminho.
Casas em Terraço (opcional, 30 min) - Afrescos e mosaicos originais das residências mais luxuosas.
Biblioteca de Celso (15 min) - O cartão-postal de Éfeso, com sua imponente fachada romana.
Ágora Inferior (10 min) - Antigo centro comercial, próximo ao porto.
Grande Teatro (20 min) - Na parte alta para fotos e vista panorâmica.
Rua do Porto (15 min) - Caminhada curta pela avenida monumental que conectava o porto à cidade.
Saída Inferior - Retorno para Selçuk ou visitas rápidas nos arredores.
Se houver tempo extra - Inclua o Templo de Ártemis (20 min) e/ou o Museu Arqueológico de Selçuk (40 min) antes de encerrar o dia.
Como chegar lá
Para chegar a Éfeso, a opção mais prática é voar até Izmir Adnan Menderes Airport (ADB), que fica a cerca de 60 km do sítio arqueológico. De Istambul, há voos frequentes de aproximadamente 1h15; quem preferir pode seguir por trem e ferry via Bandırma e Balıkesir — um trajeto mais longo, mas com paisagens interessantes.
De Atenas, é possível voar diretamente para Izmir (1h30–2h) ou viajar de ferry até Chios ou Samos, conectando depois com ferry para Çeşme ou Kusadasi e transporte terrestre até Esefos. Para quem já está em Samos ou Chios, há ferries regulares para Kusadasi (20 minutos de carro até Efesos).
Dicas para quem chega de barco
Melhores pontos de ancoragem: marinas de Çeşme, Alaçatı ou Karaburun. (também na ilhas de Chios ou Samos, com Ferry até Çeşme ou Kusadasi).
Conexão terrestre entre a costa e Izmir ou Efeso: ônibus ou transfer privado das marinas.



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