Grécia - Norte Egeu: Samos
- Anna Karen Moraes Salomon
- 8 de ago.
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Atualizado: 19 de ago.
Samos, no arquipélago do Norte Egeu da Grécia, é uma ilha de natureza exuberante, herança cultural rica e vinhedos com fama milenar. Cercada por montanhas verdes e praias convidativas, oferece uma combinação de história, gastronomia e paisagens que fazem valer a visita.
Onde fica
A Ilha de Samos fica na Grécia, localizada no arquipélago do Norte Egeu e integrada à região administrativa do Norte Egeu.
Está situada ao sul da ilha de Chios e ao norte do Dodecaneso, separada da costa turca pelo estreito de Mícale, com apenas 1,6 km de largura.
Fica a cerca de 350 km de Atenas em linha reta e mantém conexões marítimas com Patmos, Ikaria e com a Turquia.
Origem do nome
O nome “Samos” pode ter origem na palavra fenícia smm, que significa “alto”, provavelmente fazendo referência ao relevo montanhoso que caracteriza grande parte da ilha.
Um pouco da história desse destino
Samos tem presença humana documentada desde o Neolítico e a Idade do Bronze, com ocupações em áreas como Kastro‑Tigani e Iraion. Já nessa fase inicial, a ilha mostrava sinais de atividade estruturada, com influência de culturas minoica e micênica.
No período arcaico, por volta do primeiro milênio a.C., Samos foi colonizada pelos jônios de Epidaurus e tornou-se um dos centros mais ricos da Liga Jônica. No século VI a.C., viveu seu auge sob o governo do tirano Polícrates, que transformou a ilha em potência naval e cultural, com grandes obras como o Templo de Hera e o túnel escavado por Eupalinos — uma das maiores realizações de engenharia da antiguidade.
Durante os séculos seguintes, Samos participou de diversos conflitos, como as Guerras Médicas e a Guerra do Peloponeso, oscilando entre alianças com Atenas, Esparta e impérios estrangeiros.
No período helenístico e depois romano, continuou sendo um importante centro comercial e cultural.
A partir da era bizantina, Samos enfrentou incursões de piratas e passou ao controle dos genoveses Giustiniani, antes de ser dominada pelo Império Otomano. Após um período de abandono, foi repovoada com comunidades vindas de outras partes do Egeu, mantendo certa autonomia local.
Durante a Revolução Grega de 1821, os habitantes de Samos participaram ativamente da luta contra o domínio otomano. A ilha chegou a expulsar os otomanos e estabeleceu um governo local revolucionário, liderado por Lykourgos Logothetis, um dos principais nomes da resistência local.
Em 1828, Samos chegou a se declarar Estado autônomo grego, com o próprio Logothetis como líder, e inclusive tentou se integrar ao nascente Estado grego.
No entanto, por pressões diplomáticas internacionais — especialmente do Império Britânico e de outras potências europeias —, Samos não foi incluída no novo Reino da Grécia (fundado oficialmente em 1830). Em vez disso, os otomanos retomaram o controle, mas com uma condição especial: Samos se tornaria um Principado autônomo sob suserania otomana, ou seja, uma espécie de estado semi-independente. Esse “Principado de Samos” existiu de 1834 até 1912, com um príncipe cristão nomeado pelo sultão e instituições próprias.
Só em 1912, com as Guerras Balcânicas, os otomanos foram definitivamente expulsos. Em 1913, Samos foi oficialmente unificada ao Reino da Grécia.
No século XX, enfrentou ocupações estrangeiras durante a Segunda Guerra Mundial, mas consolidou sua identidade como parte plena da Grécia moderna.
Hoje, a ilha preserva um forte vínculo com seu passado, que continua presente em suas ruínas, museus e tradições. A economia local combina turismo, vinicultura, produção de azeite e agricultura.
Curiosidades
O túnel de Eupalinos foi uma obra de engenharia avançada para a época, com mais de um quilômetro escavado a partir de dois pontos opostos até se encontrarem no centro da montanha — feito raro na antiguidade. Até hoje esse técnica de escavações de túneis é complexa - há casos recentes em que as duas escavações não se encontraram perfeitamente, dando muito trabalho e prejuízo para corrigir.
Samos é terra natal de Pitágoras, o famoso matemático e filósofo, de Aristarco, astrônomo que propôs o modelo heliocêntrico séculos antes de Copérnico e de Epicuro, fundador da escola epicurista.
A escola de Epicuro defendia uma filosofia prática de vida baseada na busca da felicidade através do prazer moderado, da amizade e da ausência de perturbações (ataraxia). Mas atenção: não é o prazer no sentido hedonista extremo, como muitos pensam hoje. Para Epicuro:
O prazer verdadeiro era a ausência de dor no corpo (aponia) e tranquilidade da alma (ataraxia).
O medo dos deuses e da morte era fonte de sofrimento — então ele propunha uma visão racional do mundo, baseada na natureza e na ciência.
A amizade era considerada uma das formas mais elevadas de prazer e apoio mútuo.
A felicidade não dependia de riqueza ou poder, mas de uma vida simples, ética e serena.
Essa escola teve grande influência por séculos, especialmente no mundo romano, e suas ideias ainda são estudadas como base para filosofias mais modernas de bem-estar.
O Heraion de Samos, dedicado à deusa Hera, teve um dos maiores templos da Grécia antiga, com colunas monumentais e estrutura impressionante, refletindo o prestígio da ilha no mundo clássico.
Uma relíquia arqueológica peculiar encontrada no Heraion é um frontão de bronze com inscrição fenícia, testemunho das conexões da ilha com o Oriente Médio no século VIII a.C.
A ilha produzia um vinho doce conhecido desde os tempos antigos, famoso por ser exportado ao mundo romano e ainda apreciado até hoje, especialmente o moscatel.
Entre as curiosidades ligadas a Samos está a conexão da ilha com a criação do Metaxa, um dos destilados gregos mais conhecidos internacionalmente. Foi Spyros Metaxa, comerciante nascido em Samos no século XIX, quem fundou em 1888 a destilaria que leva seu nome. Inspirado pelos aromas do Mediterrâneo, ele combinou conhaque, vinho moscatel — típico de Samos — e uma infusão de ervas secretas, criando uma bebida suave, de sabor marcante e identidade única. O detalhe mais intrigante é que a fórmula exata permanece um segredo guardado a sete chaves: apenas o mestre destilador da casa conhece a receita completa, transmitida de forma restrita ao longo das gerações. Até hoje o Metaxa carrega essa herança da ilha, onde o famoso moscatel continua sendo parte essencial de sua composição.
Cidades, vilas e praias
Samos conta com diversas vilas habitadas com presença contínua e estrutura turística, como Pythagoreio, Vathy (a capital), Karlovasi e Marathokampos. Também há vilarejos menores e assentamentos sazonais voltados ao turismo de verão.
A ilha possui pelo menos 10 praias reconhecidas e acessíveis com interesse turístico, algumas com acesso por estrada e outras apenas por barco.
Principais vilas e cidades:
Pythagoreio (sul, com marina e sítios arqueológicos)
Vathy (nordeste, cidade principal e porto)
Karlovasi (noroeste, com comércio local e praia)
Marathokampos (sudoeste, perto de trilhas e enseadas)
Praias por região:
No leste: Kerveli, Tsamadou
No sul: Psili Ammos, Heraion Beach
No sudoeste: Lemonakia, Potami
No noroeste: Megalo Seitani, Mikro Seitani
No norte: Livadaki
O que ver por lá
Veja aqui as suas principais atrações, seguidas do tipo de atração, da região da ilha onde se encontra e de uma indicação da sua relevância turística variando de 1 - imperdível a 5 - interesse específico. A sequência respeita o deslocamento mais natural e fluido pela ilha, começando no sudoeste (região de Pythagoreio), seguindo pela costa sul, depois subindo para o norte, leste, noroeste e interior.
Túnel de Eupalinos: c e um túnel escavado com precisão milenar, considerado uma das grandes obras de engenharia da Antiguidade (Patrimônio / História) (sudoeste) (1)
Heraion de Samos: sítio arqueológico com os restos monumentais do templo de Hera, com colunas e fundações preservadas (Templo / História) (sudoeste) (2)
Museu Arqueológico de Pythagoreion: acervo com peças do período pré-histórico ao romano, incluindo estátuas, cerâmicas e inscrições (Museu) (sudoeste) (2)
Pythagoreion e Castelo de Lykourgos Logothetis: Complexo arqueológico com ruínas antigas, muralhas, porto antigo e fortificação do século XIX com vista panorâmica, construída sobre estruturas antigas perto do porto (História / Panorama) (sudoeste) (2)
Antigo Teatro de Pythagoreion: teatro escavado na encosta, parcialmente preservado, ainda usado em eventos locais. Embora interessante, tem ruínas discretas e está menos conservado (Patrimônio / Cultura) (sudoeste) (3)
Vila de Kokkari: vila com orla fotogênica, cafés, lojas e pequenas praias de pedrinhas (Vila / Vida local) (norte) (2)
Vathy (Samos Town): capital da ilha com marina, comércio, igrejas e ambiente local autêntico (Cidade / Vida local) (nordeste) (3)
Karlovasi: cidade universitária com prédios históricos, pequenas fábricas e mercado local (Cidade / Cultura) (noroeste) (3)
Museu Arqueológico de Vathy: museu com destaque para a estátua do Kouros e peças arcaicas (Museu) (nordeste) (2)
Monastério de Panagia Spiliani: igreja ortodoxa construída em uma caverna com vista para o mar e para Pythagoreio (Religião / Panorama) (sudoeste) (3)
Mosteiro de Zoodochos Pigi: convento ortodoxo com vista sobre a baía, jardim e atmosfera serena (Religião / Panorâmica) (nordeste) (4)
Vinícolas de Samos (Musan Vin e União Vinícola): vinícolas abertas à visitação e degustação, com tradição secular. São visitas opcionais que podem ser feitas conforme interesse pessoal. (Gastronomia / Cultura) (região de Karlovasi e interior) (2)
Tour de Produção do Metaxa – Liknon – Nas encostas de Vourliotes, no interior de Samos, o espaço Liknon oferece uma imersão no universo do mais famoso destilado grego. Criado por Spyros Metaxa a partir do moscatel da ilha, o Metaxa tem sua história revelada em um centro moderno que combina tradição, arquitetura e natureza. O visitante percorre vinhas centenárias, conhece de perto os segredos do terroir de Samos e descobre mais sobre a fórmula mítica, guardada apenas pelo mestre destilador. A experiência inclui visitas guiadas e degustações em diferentes formatos, em um ambiente que une gastronomia e cultura, semelhante às vinícolas abertas à visitação. (Gastronomia / Cultura) (região de Karlovasi e interior) (2)
Praia de Lemonakia: enseada com água turquesa e estrutura de apoio, ideal para banho e snorkel (Praia) (norte) (2)
Praia de Tsamadou: praia de mar profundo e transparente, cercada por pinheiros (Praia) (norte) (2)
Praia de Livadaki: faixa de areia protegida, com beach bar e ambiente jovem. Apesar de bonita, é menos relevante em comparação com outras praias próximas mais estruturadas (Praia) (norte / nordeste) (2)
Praia de Megalo Seitani: enseada ampla e protegida, acessível por trilha ou barco; cenário intocado (Praia / Isolada) (oeste) (2)
Praia de Mikro Seitani: menor e mais tranquila que sua vizinha, também acessível por trilha (Praia / Isolada) (oeste) (3)
Trilha Potami – Seitani – Drakei: percurso costeiro com paisagens selvagens, penhascos, florestas e vilarejos remotos (Trilha / Natureza) (oeste) (2)
Cachoeiras de Potami: queda d’água em meio à floresta, com trilha leve e piscinas naturais. A queda é pequena, então é uma atividade para quem quer estar no meio da natureza mais do que para ver a cachoeira em si (Natureza / Aventura) (noroeste) (2)
Caverna de Pitágoras: abrigo natural no monte Kerkis, ligado ao filósofo; acesso por trilha. Normalmente fica fora dos roteiros por exigir uma trilha íngreme e deslocamento até a encosta do Monte Kerkis, o que consome bastante tempo (Mitologia / Natureza) (sudoeste / interior) (3)
Como chegar lá
A partir de Atenas, há voos diários operados por companhias regionais para o Aeroporto Internacional de Samos, localizado próximo a Pythagoreio. Também é possível chegar por ferry desde o porto de Pireu ou Rafina, com duração de cerca de 9 a 10 horas, dependendo da embarcação.
A partir de outras ilhas, há ferries frequentes conectando Samos a Chios, Ikaria, Fourni, Patmos e ilhas do Dodecaneso, o que permite incluir Samos em roteiros náuticos ou inter-ilhas.
Dicas para quem chega de barco
Marina estruturada: A Marina de Samos, em Pythagoreio, oferece bom abrigo, água, eletricidade e serviços náuticos é é próxima da vila de Pythagoreio (15 minutos a pé) onde é cheia de restaurantes, bares e uma rua com algumas lojinhas.
Porto de Pythaoreio: É onde fica o agito dos bares e restaurantes; para quem gosta é o lugar ideal, mas às vezes difícil de encontrar lugar.
Proteção natural: A baía principal tem abrigo contra ventos do norte, ideal para fundeio seguro.
Praias acessíveis por bote: Algumas enseadas como Megalo Seitani e Lemonakia podem ser exploradas com o dingue.
Abastecimento prático: Pythagoreio e Vathy têm mercados e padarias próximos ao cais, facilitando a logística.
Sugestão de roteiro por terra (3 dias)
Dia 1 – Pythagoreio e sudoeste da ilha
Túnel de Eupalinos: A visita ao túnel em si leva uma meia hora, mas a entrada é em grupos, então talvez você tenha que esperar até a sua vez de entrar (1) (1 hora)
Pythagoreion e Castelo de Lykourgos Logothetis: isita ao sítio arqueológico, muralhas, ruínas antigas e caminhada até a fortificação com vista para o porto (3) (0,5–1 h)
Museu Arqueológico de Pythagoreion: acervo da antiguidade clássica e romana (2) (45 min - 1 h)
Monastério de Panagia Spiliani: subida à igreja-caverna com vista panorâmica (3) (0,5–1 h)
Heraion de Samos: templo dedicado à deusa Hera, perto da costa. Note que só abre em alguns dias da semana (1) (1,5 h)– Pernoite em Pythagoreio
Dia 2 – Região central e norte (Vathy, Kokkari, praias)
Museu Arqueológico de Vathy: peças arcaicas e o famoso Kouros de Samos (2) (1–1,5 h)
Mosteiro de Zoodochos Pigi: convento com vista sobre a baía de Vathy (4) (0,5–1 h)
Cidade de Vathy: passeio pelo centro, cafés, mercado e marina (3) (1–1,5 h)
Vila de Kokkari: caminhada pela orla, lojas, tavernas (2) (1–1,5 h)
Praia de Tsamadou: águas límpidas e profundas, ideal para fim de tarde (2) (1,5–2 h)– Pernoite em Kokkari ou Vathy
Dia 3 – Noroeste e oeste (Karlovasi, Potami, Seitani)
Karlovasi: passeio pelo centro, igrejas, vinícola ou fábrica antiga (3) (1–1,5 h)
Cachoeiras de Potami: trilha leve e banho em piscina natural (2) (1,5–2 h)
Praia de Lemonakia: pausa para banho e almoço à beira-mar (2) (1,5–2 h)
Trilha costeira até Mikro Seitani ou Megalo Seitani: caminhada até enseadas isoladas (2/3) (2–3 h)– Pernoite em Karlovasi ou retorno a Pythagoreio
Sugestão de roteiro por barco (3 dias)
Dia 1 – Chegada em Pythagoreio e entorno
Fundear na marina ou baía de Pythagoreio: acesso fácil a pé ao centro e atrações (1)
Pythagoreion e Túnel de Eupalinos: explorar o sítio arqueológico e o túnel (1) (2–3 h)
Castelo de Lykourgos Logothetis: curta subida até a fortificação (3) (0,5–1 h)
Panagia Spiliani: acesso a pé, escadaria até a caverna-igreja (3) (1 h)
Heraion de Samos: ida com táxi ou carro alugado (1) (1,5–2 h)– Pernoite fundeado em Pythagoreio
Dia 2 – Navegação para noroeste (Karlovasi / Potami)
Navegar até Karlovasi ou Potami: fundeio ao largo ou uso do pequeno cais (3)
Cachoeiras de Potami: caminhada leve com possibilidade de banho (2) (1,5–2 h)
Trilha até Mikro Seitani: caminhada pela costa ou deslocamento de bote (3) (2–3 h)
Visita à cidade de Karlovasi: rápido passeio no centro (3) (1–1,5 h)– Pernoite fundeado perto de Karlovasi
Dia 3 – Costa norte e praias acessíveis por mar
Navegação costeira até Kokkari: fundeio próximo à vila e desembarque com dingue (2)
Vila de Kokkari: parada para café, mercado e passeio à beira-mar (2) (1–1,5 h)
Praia de Tsamadou ou Livadaki: escolha uma enseada para banho e snorkel (2) (2–3 h)
Retorno para Pythagoreio ou navegação rumo à próxima ilhae Kerveli ou Tsamadou: fundeio em enseadas com águas cristalinas (2) (2–3 h)
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