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Grécia - Norte Egeu: Chios

Atualizado: 19 de ago.

Grécia - Norte Egeu: Chios

Chios é uma ilha imensa, histórica e cheia de contrastes, que raramente entra nas primeiras listas de viagem — o que, para muitos, é justamente o que a torna tão interessante. Situada no extremo leste do Mar Egeu, quase colada na costa da Turquia, ela combina fortalezas medievais com vilarejos que ainda vivem do cultivo do mastiha, a resina aromática que só nasce aqui.


A ilha traz "mix feelings", pois ela é mais mal cuidada e com a costa menos interessante que outras ilhas que passamos, mas ao mesmo tempo traz uma paisagem montanhosa de pedras impressionante e uma série de atrações diferentes espalhadas pela ilha, como mosaicos bizantinos, praias vulcânicas, monastérios milenares, plantações de Mastiha e uma história que inclui poetas, genoveses e massacres que marcaram a independência da Grécia. Um destino autêntico, com camadas profundas — e surpresas que aparecem em cada curva da estrada.


Ilha de Chios, no Arquipelago Grego do Norte Egeu
Chios, Norte Egeu

Onde fica

Chios é a quinta maior ilha da Grécia e está situada na parte oriental do Mar Egeu, a poucos quilômetros da costa da Anatólia (Turquia).


Faz parte do arquipélago do Egeu Norte e está posicionada entre Lesbos (ao norte) e Samos (ao sul). Sua capital é a cidade de Chios (Chora), localizada na costa leste da ilha.


Origem do nome

O nome “Chios” (Χίος) aparece em registros desde a Antiguidade, mas sua origem exata permanece incerta. Há uma teoria mitológica que o liga a “Chion”, filha do deus-rio Inopos, nascida durante uma nevasca — o que explicaria a ligação com a palavra grega chiόn (χιών), que significa neve. Durante o período genovês, passou a ser chamada de Scio, e sob domínio otomano, ficou conhecida como Sakız Adası.

Um pouco da história desse destino

Os primeiros vestígios humanos em Chios datam do Neolítico, com achados significativos em cavernas como Agio Galas, no norte da ilha. Durante a Idade do Bronze, a ilha já mantinha contato com culturas do Egeu e da Anatólia.


No período arcaico, integrou-se à civilização jônica e viveu um tempo de grande prosperidade, desenvolvendo portos, comércio, arte cerâmica e produção de vinho. Foi também nessa época que Chios ficou conhecida como possível berço ou residência de Homero — versão que ainda hoje inspira monumentos e nomes de escolas locais.


Na era clássica, Chios foi uma das primeiras cidades gregas a cunhar moedas e participou da Liga de Delos ao lado de Atenas. Foi ocupada temporariamente pelos persas, mas depois voltou ao domínio grego, sendo alvo frequente de disputas.


Durante o período helenístico e romano, a ilha manteve sua importância comercial, com destaque para o vinho local, muito apreciado em Roma.


No período bizantino, Chios assumiu papel estratégico entre o Egeu e a Anatólia, com a construção de igrejas e fortificações. Mas foi com os genoveses, no século XIV, que a ilha se transformou profundamente: os italianos organizaram o cultivo sistemático do mastiha, um produto de alto valor na Europa e no Oriente Médio. Fundaram vilarejos fortificados no sul da ilha, conhecidos como Mastihohoria, que permanecem ativos até hoje.


Em 1566, Chios foi tomada pelos otomanos, que mantiveram o sistema de produção do mastiha sob proteção especial. Durante mais de três séculos, a ilha viveu relativa autonomia, mas em 1822, durante a Guerra de Independência da Grécia, sofreu um dos episódios mais trágicos de sua história: o massacre de Chios. Em resposta a um levante local, tropas otomanas mataram cerca de 30 mil habitantes e escravizaram outros tantos, numa chacina que chocou a Europa e virou tema de pinturas célebres, como a de Delacroix.


Chios foi finalmente incorporada ao Estado grego em 1912, durante as Guerras Balcânicas. Desde então, vive entre passado e presente: mantendo tradições rurais e portuárias, com vilas intactas, resina que ainda brota das árvores, e um papel relevante na marinha mercante grega.

Curiosidades


  • Chios é o único lugar do mundo onde se produz mastiha, resina aromática protegida por denominação de origem e usada em doces, bebidas, cosméticos e até remédios. O Museu da Mastiha, que conta a história e fala sobre o cultivo e uso da Mastiha, é muito bem produzido e super interessante.

  • A ilha tem um dos maiores e mais bem preservados castelos genoveses do Egeu.

  • O vilarejo fortificado de Anavatos é conhecido como “Mistras do Mar Egeu”.

  • A vila de Vrontados é famosa por sua controversa tradição de foguetes de Páscoa (rouketopolemos), onde igrejas rivais simulam um duelo pirotécnico.

  • Chios tem forte ligação com o comércio marítimo e é berço de várias famílias armadoras gregas influentes.


Um pouco mais sobrea Mastiha

A mastiha (ou mástique) é uma resina natural extraída do tronco e dos galhos da árvore Pistacia lentiscus var. Chia, uma variedade de lentisco que cresce exclusivamente no sul da ilha de Chios. Embora a planta exista em outras regiões do Mediterrâneo, somente em Chios ela oferece essa seiva aromática de qualidade translúcida, que endurece em forma de pequenas “lágrimas”.


A colheita é um processo tradicional, totalmente artesanal e protegido por denominação de origem. No verão, os agricultores limpam o solo ao redor da base da árvore e aplicam uma fina camada de pó de calcário, para manter as gotas limpas. Depois, fazem incisões no tronco com um instrumento especial chamado kentitiri. A resina escorre lentamente e endurece ao ar em pequenas pedras irregulares, que são recolhidas manualmente, lavadas e classificadas por tamanho e pureza.


A mastiha é usada há milênios. Na Grécia Antiga, era valorizada por suas propriedades digestivas e antissépticas. Durante o domínio otomano, era um produto tão precioso que só os vilarejos produtores tinham privilégios legais e fiscais — e o roubo da resina podia ser punido com pena de morte.


Hoje, a mastiha segue sendo uma das identidades culturais mais fortes de Chios. Ela é usada em uma variedade impressionante de produtos:

  • Na culinária, entra na composição de doces, sorvetes, pães e licores como o famoso Mastiha Liqueur.

  • Na farmacologia, estudos mostram propriedades antimicrobianas, cicatrizantes e digestivas.

  • Na cosmética, é usada em cremes, pastas de dente, sabonetes e perfumes, com aroma resinoso, fresco e levemente adocicado.

  • Na confecção de objetos devocionais e acessórios tradicionais, como os terços ortodoxos "komboloi" (rosários de oração ou de passatempo) e "komboskini" (cordão de oração, geralmente de lã, mas que pode ter contas adicionais). Essas contas, feitas com mastiha solidificada e polida, são valorizadas por seu aroma natural e toque resinoso. Ao esfregar as contas entre os dedos, o calor libera um cheiro sutil, levemente adocicado, que muitos associam à meditação, limpeza espiritual ou simples prazer sensorial. Por ser uma resina aromática natural e relativamente rara, a mastiha usada nessas contas costuma ser mais compactada ou misturada com outros materiais vegetais — criando um tipo de “âmbar moderno” grego.


Além disso, a mastiha simboliza um elo forte entre natureza, saber tradicional e identidade local. Visitar as vilas produtoras — os Mastihohoria — é uma forma de entender como uma ilha preservou, por séculos, uma tradição que continua viva em cada passo da colheita.


Cidades, vilas e praias

Chios conta com pelo menos 15 vilas relevantes com população ativa e estrutura básica, incluindo zonas sazonais e portuárias no entorno. A capital, Chios (ou Chora), fica na costa leste e concentra os serviços administrativos, portuários e turísticos mais expressivos. No sul estão os vilarejos fortificados conhecidos como Mastihohoria, com destaque para Pyrgi e Mesta, entre outros.

  • Sul: Pyrgi, Mesta, Olympi, Kalamoti, Armolia, Nenita, Kallimasia

  • Leste: Chios / Chora, Vrontados, Lagada, Thimiana, Agios Minas

  • Norte: Volissos, Agio Galas, Pityos

  • Centro e interior: Anavatos, Karyes, Avgonyma


Região Leste (costa leste, onde está a capital e boa parte da população)

  • Chios / Chora (capital da ilha, com porto e infraestrutura completa)

  • Vrontados (ligada à tradição homérica e ao famoso duelo de foguetes)

  • Lagada (vilarejo costeiro com porto de pesca e boas tavernas)

  • Thimiana (vila próxima ao aeroporto, com forte tradição cultural)

  • Agios Minas (zona semiurbana com monastério histórico)

Região Sul (onde estão os vilarejos do mastiha – Mastihohoria)

  • Pyrgi (vila decorada com fachadas geométricas únicas – xysta)

  • Mesta (vilarejo fortificado medieval, com traçado labiríntico)

  • Olympi (vila tradicional com acesso às cavernas e às praias)

  • Kalamoti (uma das maiores vilas do sul, com arquitetura austera)

  • Armolia (conhecida pelas oficinas de cerâmica e utensílios artesanais)

  • Kallimasia (centro agrícola, com igrejas e casas antigas)

  • Nenita (vila ativa com campos de mastiha e estrutura local)

Região Norte e Noroeste (mais remota, com vilas montanhosas e tradições preservadas)

  • Volissos (maior vila do noroeste, com castelo bizantino)

  • Agio Galas (vila remota com cavernas históricas e igreja rupestre)

  • Pityos (pequeno vilarejo de montanha, com vistas para o mar)

Região Centro-Oeste e Interior

  • Anavatos (vila parcialmente abandonada, preservada como monumento)

  • Karyes (interior arborizado, ponto de ligação entre vilas)

  • Avgonyma (aldeia de pedra restaurada, com tavernas e pôr do sol)


A ilha possui mais de 30 praias reconhecidas e acessíveis, com interesse turístico variando de enseadas tranquilas a praias vulcânicas, com acesso por estrada, trilha ou barco.


O que ver por lá

Veja aqui as suas principais atrações, seguidas do tipo de atração, da região da ilha onde se encontra e de uma indicação da sua relevância turística variando de 1 - imperdível a 5 - interesse específico.

  1. Mesta: Vila medieval murada com vielas de pedra, arquitetura fortificada e atmosfera preservada desde o período genovês (Arquitetura histórica) (Sul) (1)

  2. Mosteiro de Nea Moni: Fundado no século XI e Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, com belos mosaicos bizantinos (Patrimônio religioso e cultural) (Interior) (1)

  3. Pyrgi: Vila com fachadas decoradas com grafismos geométricos em preto e branco, única no mundo (Arquitetura tradicional) (Sul) (1)

  4. Castelo de Chios: Fortaleza genovesa com ruas habitadas, muralhas, igrejas e vestígios otomanos no centro da capital (Construção histórica) (Chora) (2)

  5. Museu do Mastiha: Exposição interativa e moderna sobre o cultivo, extração e uso da mastiha, com paisagens rurais ao redor (Museu temático) (Sul – próximo a Pyrgi) (2)

  6. Experiência de visita às plantações de mastiha: Atividades guiadas com agricultores locais para acompanhar a colheita tradicional da resina (Turismo cultural e agrícola) (Sul – Mastichochoria) (2)

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  7. Degustação de produtos com mastiha: Licores, doces, cosméticos e produtos terapêuticos em lojas e mercados especializados (Experiência gastronômica) (Chora e vilas do sul) (2)

  8. Trilhas e rotas de bicicleta entre os Mastichochoria: Percursos conectando vilas históricas, plantações e paisagens agrícolas típicas (Atividade ao ar livre) (Sul) (3)

  9. Anavatos: Vila-fantasma bizantina no alto de um penhasco, abandonada após o massacre de 1822 (Sítio histórico) (Centro-oeste) (2)

  10. Praia de Mavra Volia: Praia de pedras vulcânicas negras, mar profundo e cenário singular na costa sul (Praia) (Sul – Emporeios) (2)

  11. Daskalopetra: Formação rochosa tida como local onde Homero ensinava, com capela e vista costeira (Local mitológico) (Nordeste – Vrontados) (3)

  12. Kampos: Região agrícola com mansões genovesas muradas e pomares de frutas cítricas (Paisagem cultural) (Sudeste) (3)

  13. Vrontados: Vila tradicional com belas casas e cenário da “guerra de foguetes” na Páscoa (Tradição local) (Nordeste) (3)

  14. Lagada: Vila portuária charmosa, ideal para almoçar com vista para os barcos (Vilarejo costeiro) (Leste) (4)

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  15. Museu Bizantino de Chios: Instalado numa antiga mesquita otomana, com ícones, esculturas e fragmentos bizantinos (Museu histórico) (Chora) (4)

  16. Museu Arqueológico de Chios: Com peças da Pré-História à era romana, em prédio moderno (Museu histórico) (Chora) (4)

  17. Praia de Agia Dynami: Praia isolada, de águas límpidas e vegetação ao redor, acessível por estrada (Praia) (Sul profundo) (4)

  18. Volissos: Vila tradicional com casas de pedra e ruínas de um castelo bizantino no topo (Vilarejo histórico) (Noroeste) (5)


Como chegar lá

  • A partir de Atenas, há duas formas principais de chegar a Chios. A mais rápida é por avião: voos diretos partem diariamente do Aeroporto Internacional de Atenas (ATH) para o Aeroporto de Chios (JKH), com duração de aproximadamente 50 minutos.

  • Outra opção é pegar um ferry a partir do porto de Pireu, com saídas regulares e duração média de 7 a 9 horas, dependendo do itinerário e da embarcação.

  • As cidades de Izmir ou Kousadasi, na Turquia, são próximas e podem ser incluídas no roteiro para servir de base para visita ao Parque Arqueológico de Efesos, que é imperdível!


Dicas para quem chega de barco

  • Porto principal em Chora: O porto de Chios, na capital, tem boa infraestrutura, profundidade segura e acesso fácil a combustível, água e mantimentos.

  • Fundeio em Lagakda: Baía protegida ao norte de Chora, com bom abrigo e tavernas na orla — ideal para pernoite tranquila.

  • Sul com praias acessíveis por bote: Emporeios, Agia Dynami e Vroulidia são acessíveis por bote com tempo calmo e oferecem ótimas paradas para mergulho.

  • Acesso a vilas do interior: Para visitar Pyrgi, Mesta ou o Museu do Mastiha, vale alugar carro ou organizar transporte a partir do porto.

  • Fundeio em Limenas Mesta: Porto secundário no sul, menos movimentado que Chora, com estrutura básica e próximo de atrações como Mavra Volia e Olympi.

  • Oinousses: A ilha próxima pode ser uma opção, principalmente para quem vem navegando a partir da Esporades (a Baía de Rennes no sul de Skyros fica a 85 milhas do sul de Oinousses).


Restaurantes

Os melhores da ilha:

  • Agia Markella Restaurant Beach Bar, localizado na costa (perto da praia Agia Markella), combina frutos do mar fresquíssimos com ambiente sofisticado à beira-mar. (Avaliação média: 4,9/5) 

  • Ta Katsarolakia, na capital Chios Town, serve pratos mediterrâneos e grelhados com toque caseiro, em ambiente acolhedor e bem avaliado pelos locais. (Avaliação média: 4,7/5) 

  • Amethistos, também em Chios Town, tem combinação de menu tradicional e contemporâneo, com destaque para peixes e saladas frescas. (Avaliação média: 4,5/5)

Notas da Avaliação Média do TripAdvisor em Agosto de 2025

Sugestão de roteiro por terra (3 dias)

Dia 1 – Sul e interior

  • Mesta: vila medieval com labirintos de pedra e muralhas genovesas (1) (1h30)

  • Pyrgi: fachadas decoradas com padrões geométricos tradicionais (1) (1h)

  • Museu do Mastiha: visita interativa sobre cultivo e usos da resina (2) (1h)

  • Pernoite em Mesta ou Pyrgi.

Dia 2 – Capital e arredores leste

  • Castelo de Chios: fortaleza genovesa com estruturas otomanas e ruas internas (2) (1h)

  • Museu Bizantino de Chios: ícones e arte bizantina em antiga mesquita (4) (45min)

  • Museu Arqueológico de Chios: peças da Antiguidade até o período romano (4) (45min)

  • Lagada: vila costeira para almoço junto ao mar (4) (1h)

  • Pernoite em Chora (Chios Town).

Dia 3 – Norte e centro-oeste

  • Anavatos: vila-fantasma bizantina com vista espetacular (2) (1h)

  • Praia de Mavra Volia: enseada de pedras vulcânicas negras e mar transparente (2) (1h)

  • Vrontados e Daskalopetra: local mitológico associado a Homero e cenário da “guerra de foguetes” (3) (1h)

  • Pernoite em Vrontados ou retorno a Chora.

Sugestão de roteiro por barco (3 dias)

Dia 1 – Chegada e capital

  • Porto de Chora: infraestrutura completa de marina, supermercado e serviços (durante chegada)

  • Fundear ou atracar em Chora e visitar: Castelo de Chios (2) (1h), Museu Bizantino (4) (45min), Museu Arqueológico (4) (45min)Overnight à bordo ou em marina local.

Dia 2 – Sul costeiro

  • Navegue até a costa sul (Emporeios ou Lagada), com stops para mergulho em Mavra Volia (2) (1h)

  • Acesso de bote/dinghy a Pyrgi e Mesta, preferencialmente alugando carro para visitar Museu do Mastiha (2) (1h), Pyrgi (1h), Mesta (1h30)

  • Fundeio em enseada tranquila para pernoite no sudeste.

Dia 3 – Norte costeiro

  • Navegação para o norte até Glaroi ou Pantoukios, com fundeio protegido para visita a Vrontados e Daskalopetra (3) (1h)

  • Caso haja necessidade de ir ao interior, é possível alugar carro em Vrontados para visitar Anavatos (2) (1h)

  • Recomenda-se pernoite próximo ao porto de Chora ou retorno ao porto-base.






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