Firenze 04 - Igreja de Ognissanti
- Anna Karen
- 26 de jun. de 2015
- 3 min de leitura
Atualizado: 4 de mai.
Símbolo do esplendor artístico e espiritual de Florença, a Igreja de Ognissanti se destaca por abrigar obras-primas de mestres como Ghirlandaio e Botticelli, além de ser um dos poucos templos a refletir, com rara beleza, a transição entre o gótico e o renascimento na cidade.

Basilica di San Salvatore di Ognissanti, Vespuccio e a Bahia de Todos os Santos
O nome completo da igreja é Basilica di San Salvatore di Ognissanti (Basílica de São Salvador de Todos os Santos).
Inicialmente patrocinada pela família Vespucci — daí a origem dos nomes "Salvador" e "Bahia de Todos os Santos" no Brasil, locais por onde passou Américo Vespucci em 1502 —, a igreja possui uma forte ligação com a história e a arte florentina.
A história da Igreja di Ognissanti
Iniciada em 1251, a igreja fazia parte da congregação dos Umiliati, religiosos

provenientes de Alexandria que pregavam a pobreza e associavam a vida espiritual ao trabalho artesanal, especialmente o processamento de lã e vidro.
O complexo foi concluído em 1294, expandindo-se para além das muralhas da cidade antiga, em uma área abastecida por canais derivados do rio Arno — ideal para a produção de lã.
O convento tornou-se um centro de trabalho organizado, impulsionando o crescimento urbano ao seu redor, com a construção de casas de artesãos e oficinas de tingimento.
Paralelamente, a igreja foi enriquecida com obras de arte excepcionais, graças ao patrocínio de famílias locais que haviam ascendido social e economicamente.

No século XVI, a produção de lã entrou em declínio com a ascensão da seda, enfraquecendo a ordem dos Umiliati. Sob ordem de Cosimo I de' Medici, eles deixaram o mosteiro, que foi então ocupado por frades franciscanos vindos da igreja de San Salvatore al Monte.
A nova ordem reformou o complexo e construiu dois claustros, consagrando a igreja em 1582 com a dedicação a São Salvador de Todos os Santos.
No início do século XVII, o claustro foi decorado com uma série de afrescos de grandes pintores da época com as histórias de São Francisco.
Em 1627 a igreja foi renovada com reformas radicais que determinaram a aparência da igreja de hoje, com novas pinturas e esculturas e o altar maior de pedras preciosas.
Em 1637, projetada por Matteo Nigetti em estilo barroco florentino, foi construída a fachada de pedra e posteriormente, no século XIX, revestida em mármore travertino com o patrocínio dos irmãos Antonio e Alessandro dei Medici Neofiti — uma família de judeus convertidos, protegidos pelos Medici, que ostentavam o mesmo brasão de armas de seus patronos.

Em 1866, os Franciscanos deixaram o Mosteiro, voltando para sua antiga sede e, desde 1923, o edifício com vista para Via Borgo Ognissanti tornou-se a sede do Quartel dos Carabinieri.
Atualmente, a igreja é gerida pelos Frades Franciscanos da Imaculada.
Destaques da Igreja di Ognissanti
Do século XIV destaca-se o grande crucifixo conhecido como a Cruz de Giotto. A peça, atribuída por muito tempo a um "Parente de Giotto" ou "Anônimo Giotesco", foi confirmada como obra de Giotto após uma restauração em 2005.

No século XV, a igreja ganhou obras de Ghirlandaio (que comissionado pela família de Americo Vespucci) e Sandro Botticelli (que está enterrado na igreja ao lado de sua amada Simonetta Vespucci).
Dois afrescos são particularmente famosos: "Santo Agostinho em seu estúdio", de Botticelli, e "São Jerônimo em seu estúdio", de Ghirlandaio, ambos realizados simultaneamente em 1480.


Interessante notar o curioso texto escrito por Botticelli no livro pintado atrás de Santo Agostinho, dizendo: "Onde está o frade Martino? Ele fugiu. E onde ele foi? Está além da Porta al Prato." Uma brincadeira imortalizando as escapadas de um monge observadas pelo artista durante os dias de trabalho na igreja.

De Ghirlandaio também são os afrescos da última ceia no refeitório do convento, agora um museu, obra que provavelmente influenciou Leonardo Da Vinci e a Madonna della Misericordia protegendo a família Vespucci, incluindo a imagem de Americo Vespucci como uma criança.


Do século XVII, o altar maior de pedras preciosas também é destaque.

Assim como o claustro, que traz afrescos do seculo XVII de grandes pintores da época com as histórias de São Francisco.
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