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Firenze 10 - Ponte Vecchio

Atualizado: 4 de mai.

A ponte medieval sobre o Rio Arno é um dos ícones da cidade de Firenze: além de sua importância histórica e arquitetônica e de ser a passagem entre o centro antigo e o bairro de Oltrano, onde fica o Palazzo Pitti e os Jardins de Boboli, destacam-se as inúmeras joalherias e ourives ainda instaladas nas antigas barracas de madeira.  

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Do século I ao século XIII: as enchentes na ponte de madeira e a primeira versão da ponte em pedra

Acredita-se que a ponte tenha sido construída ainda na Roma Antiga, originalmente de madeira, em meados do primeiro século I a.C. no local onde ficava a balsa utilizada para atravessar o Rio Arno. Danificada diversas vezes por enchentes, incluindo a de 1117, foi reconstruída em pedra em 1170, quando foram instaladas as lojas de madeira em cada um dos lados.

  

Até 1218 esta ponte era a única ligação entre as duas margens do Arno. Pela forma como havia sido construída - com cinco arcos longos - a ponte tinha grandes problemas durante as cheias do rio, e não pode resistir a uma das mais terríveis e trágicas enchentes, a de 1333.

Século XIV: reconstrução da ponte em 3 arcos e a origem do termo "bancarrota"

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Após a construção de aterros ("Lungarni"), a ponte foi novamente reconstruída em 1345, com projeto da Taddeo Gaddi, dessa vez com três arcos rebaixados, o maior deles com 30 metros de diâmetro; a arquitetura da ponte foi inovadora para a época por alterar o modelo romano normalmente utilizado em rios largos, que ou utilizava muitos arcos (aumentando o risco de represamento em caso de enchentes) ou gerava uma inclinação muito acentuada.

  

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A reconstrução, finalizada em 1345, foi possível graças à renda do aluguel das 43 lojas, desta vez reconstruídas em tijolo e dispostas simetricamente em ambos os lados da ponte com uma praça no meio.

  

A ponte tinha a forma e as características da arquitetura medieval, perfeitamente harmoniosa, construída com blocos de pedra dura semelhantes aos observados hoje na fachada do Palazzo Vecchio e as lojas, todas do mesmo tamanho, não tinham janela do lado de fora, apenas uma vista da pequena praça localizada no meio da ponte.

  

​As lojas mostravam as mercadorias sobre bancadas ou bancos, com autorização do Bargello, a autoridade municipal da época (diz-se que a palavra “bancarrota” teve origem ali, quando os mercadores não conseguiam pagar suas dívidas e os soldados do Bargello quebravam – “rotto” é quebrar em italiano - o banco , prática chamada de “bancorotto”).

Séculos XV - XVI: a época dos açougues

Em 1442, as autoridades da cidade ordenaram que os açougues fossem concentrados nas lojas da Ponte Vecchio para isolá-los dos palácios do centro e facilitar o descarte dos resíduos malcheirosos no rio, e lá eles se instalaram de forma desordenada.


Já em meados do século XVI, a partir de um censo de Cosimo I, constatou-se que naquela época as lojas do Ponte Vecchio eram ocupadas por “3 açougues, 3 lojas de guloseimas, 5 sapatarias, 2 carpintarias, 2 lojas de feno, 1 loja de utensílios domésticos, 1 armarinho, 1 revendedor de produtos de segunda-mão e uma dezena de vendedores de outros diversos segmentos”.

Séculos XVI - XVII: O corredor Vasariano e a instalação dos ourives e joalheiros

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Em 1565, o aspecto da ponte mudou significantemente com a construção do Corredor Vasariano.

  

Em 1593, o Grão-Duque Ferdinando I ordenou que os lojistas da Ponte Vecchio fossem expulsos e que ali se tornasse um lugar exclusivo para ourives, joalheiros e casas de penhores, visto que a ponte havia se tornado "um lugar muito frequentado por cavalheiros e estrangeiros".


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Século XVIII e XIX: lojas com vitrines e janelas centrais

Por volta de 1700, a ponte passou a ter o aspecto atual, quando as lojas começaram a se decorar com vitrines, espelhos e enfeites.

  

Em 1860, logo após a Toscana ter sido anexada ao Reino de Itália, três janelas centrais foram modificadas para a configuração ainda é visível hoje.

  

Ponte Vecchio em 1909

Século XX: o encanto que salvou a ponte dos ataques nazistas

Em 1938, a Ponte Vecchio foi visitada por Hitler, Mussolini e as altas hierarquias nazista e fascista durante a viagem dos alemães à Itália em busca de alianças.

  

Hitler ficou encantado com o local, e acredita-se que por esse motivo tenha dado ordens diretas para que os alemães poupassem essa ponte no bombardeio na retirada em 1944, em parte também devido à intervenção do representante alemão em Firenze Gerhard Lobo (pelo que acabou se tornando cidadão honorário da cidade e é lembrado com uma placa afixada até hoje na própria ponte).

  

Assim, durante a Segunda Guerra Mundial, a Ponte Vecchio foi a única ponte em Firenze que não sofreu nenhum dano, apesar de seus pontos de acesso terem sido fortemente destruídos.

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Isso explica hoje a arquitetura um tanto incongruente entre a ponte e essas áreas devido à reconstrução apressada no início dos anos cinquenta, que acabou não recuperando a maior parte das torres existentes nos quatro cantos da ponte para o controle de seu acesso (somente a torre de Rossi-Cerchi foi reconstruída após a guerra).

A ponte hoje


No centro da ponte há dois terraços que trazem a melhor vista da ponte para os dois lados do Arno: um é coberto pelo Corredor Vasari e o outro traz a fonte com o busto de Benvenuto Cellini, o famoso escultor e ourives florentino.

  

O portão do memorial de Cellini foi usado por muitos casais apaixonados para prender cadeados, com a chave jogada no rio, símbolo de um vínculo de amor indissolúvel; no entanto, essa tradição desenfreada começou a estragar a configuração da ponte, e por isso o que estava lá foi retirado e hoje o município estipulou uma multa de 50 euros para quem for apanhado, em flagrante, colocando cadeados na ponte (agora colocados nos trilhos do aterro de Archibusieri).

  

Nas joalherias que cobrem atualmente os dois lados da ponte, a maior parte das peças não se destaca por um design moderno e inovador e não são particularmente baratas, e por isso elas chamam mais atenção justamente pelo ambiente em que estão expostas.

  

  


A vista da ponte e a partir da ponte também vale a visita, e especialmente no por-do-sol.

  

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