Firenze 10 - Palazzo Pitti
- Anna Karen
- 6 de jun. de 2015
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Atualizado: 4 de mai.
A antiga residência dos Medici e do Rei da Italia é hoje considerado o maior complexo museológico de Firenze, com peças originais da coleção privada dos Medici e dos seus sucessores. É lá que se encontra a Galleria Palatina, com salas de decoração surpreendente e obras relevantes, além dos Museus da Prata, da Porcelana, do Traje e da Carruagem.

A história do Palazzo Pitti
1458-1464: Do projeto ao meio da construção pela família Pitti
A algumas quadras da Ponte Vechio, o edifício foi encomendado para ser a residência urbana do banqueiro florentino Luca Pitti, que apesar de amigo e aliado de Cosimo de' Medici , O Velho, parece ter deixado claras instruções para que o palácio suplantasse o Palazzo Medici Riccardi (residência de Cosimo) dando precisas instruções sobre o tamanho das janelas, que “deveriam ser maiores que o pórtico da entrada do Palazzo Medici”.

O palácio foi projetado em 1458 por Luca Fancelli, mas sempre há insinuações de que ele foi apenas assistente no desenho de seu mestre Filippo Brunelleschi (que estranhamente morreu 12 anos antes do início da construção, tornando esses rumores pouco prováveis).

Na época, foi criada para ser a maior residência em Firenze e a mais opulenta e o projeto final de Fancelli inspirou uma tendência renascentista que inspirou recriações no século XVIII: o edifício não possuiria torres de defesa (típicas das casas dos senhores da idade média), mas sim um estilo simples, agressivo e robusto inspirado na arquitetura romana - arte all'antica (que no final permitiu que as diversas ampliações que o edifício sofreu posteriormente ao longo dos séculos mantivessem a sua essência original).
No entanto, em 1464 a construção foi interrompida devido aos “problemas financeiros” e o infeliz destino político de Luca Pitti provocado, ironicamente, pela morte de Cosimo de' Medici.
1472: A compra e ampliação do palácio pela esposa de Cosimo I de Medici)

Com a morte de Pitti em 1472, o edifício foi vendido em 1539 por Buonaccorso Pitti, descendente de Luca, a Eleonora de Toledo, esposa do Grão-Duque Cosimo I (do outro ramo da familia Medici), que havia sido educada na luxuosa corte de Nápoles e preferia ter uma residência alternativa num bairro mais “saudável” do que a área onde residia (ela na verdade era doente, pois havia contraído tuberculose, e “se sentia sufocada” pela estrutura com poucas janelas do Palazzo Vecchio).

Cosimo I encomendou a Vasari a ampliação do edifício para adequá-lo aos seus gostos e necessidades, o que incluía o acesso pelo Corredor Vasariano a partir do Palazzo Vecchio e provocou uma drástica transformação no bairro de Oltrarno (“outro lado do Arno”), quando outras famílias nobres passaram a tentar imitar o Grão-Duque competindo para construir mansões nas recém-inauguradas Via Maggio ou Via dei Serragli.
Século XVI: Criação dos Jardins de Bóboli e a finalização do complexo

Para os terrenos ao fundo do palácio, na colina do Bóboli, a partir de 1551, foi encomendado aos paisagistas Niccolo Tribolo e Bartolomeo Ammannati um projeto para criação de um grande parque, os Jardins do Bóboli, que incluiu um anfiteatro, onde depois foram encenadas grandes produções teatrais com elaborados cenários para a nobreza florentina.
Ammannati também conduziu as reformas no Palazzo entre 1557 e 1566, convertendo o edifício inacabado num complexo dividido em três alas e construindo um magnífico pátio que causou furor nas cortes europeias e que foi posteriormente pano de fundo para eventos extraordinários (como a simulação de uma batalha naval entre vinte navios turcos e cistãos e as celebrações do casamento de Ferdinando I de Medici e Cristina de Lorraine em 1589).
Inicialmente, o palácio era usado, essencialmente, para alojar hóspedes oficiais e funções da corte, enquanto a principal residência dos Medici permanecia no Palazzo Vecchio.
Foi somente durante o reinado do filho de Eleonora de Toledo, o Grão-Duque Ferdinando I de' Medici e da sua esposa, Cristina de Lorena, que o palácio foi ocupado integralmente e se tornou casa oficial da familia e da coleção de arte dos Medici.
Na época, os quartos na ala esquerda pertenciam ao Grão-Duque, enquanto os do lado direito a seu herdeiro e as alas laterais alojavam os apartamentos das esposas; no segundo andar ficava a biblioteca e os quartos secundários utilizados para as crianças.
Século XVII a 1737: ampliação da fachada e do palácio, residência principal dos Medici
Em 1616, foi aberto um concurso para desenhar as ampliações à principal fachada urbana, vencido por Giulio Parigi, que encarregou-se junto com Alfonso Parigi da última ampliação do palácio, somente complementada pela criação da praça central em frente à fachada, protótipo do cour d’honeur (pátio de honra), logo copiado em França.
O palácio foi a residência principal dos Medici até a morte, em 1737, do seu último herdeiro homem, o grão-duque Gian Gastone de' Medici, sendo ainda ocupado brevemente pela sua irmã, Ana Maria Luisa de Medici, cuja morte pôs fim à linhagem da família.

1737 ao final do século XVIII: propriedade do Sacro Império Romano-Germânico e abertura da coleção das obras de arte ao público
Um movimento importante que acontecia na Europa veio a determinar o futuro do Palazzo Pitti, que passaria para as mãos da Casa de Lorena em 1737, após a extinção da linha masculina da dinastia Médici com a morte de Gian Gastone de' Medici.
Francesco Stefano I, da Casa de Lorena, uniu-se aos Habsburgo em 1736 ao se casar com Maria Teresa da Áustria, fundando a dinastia Habsburgo-Lorena (que governaria o Império Austro-Húngaro até 1918). Nesse contexto, por decisão das potências europeias no contexto da Guerra da Sucessão da Polônia, Francesco Stefano I de Lorena tornou-se em 1737 o novo Grão-Duque da Toscana. Ele assumiu o título, mas não demonstrou grande interesse por Firenze naquele momento, permanecendo longe e focado em Viena, especialmente após se tornar imperador do Sacro Império Romano-Germânico em 1745.
Somente no final do século XVIII, com seu filho o grão-duque Pedro Leopoldo, que desejava obter popularidade depois do fim da era dos Medici, que a coleção de obras de arte foi aberta ao público pela primeira vez, embora com alguma relutância.
De 1807 até 1860: Palazzo como base militar e residência dos Bonaparte na Toscana
No século XIX, eventos externos novamente influenciaram o destino do Palazzo Pitti: a posse do Palazzo Pitti pelos Habsburgo foi interrompida durante as campanhas de Napoleão Bonaparte na Itália.
Em 1801, a Toscana deixou de ser um grão-ducado dos Habsburgo-Lorena para se tornar o Reino da Etrúria, um estado satélite sob influência francesa. Poucos anos depois, em 1807, Napoleão anexou oficialmente a região ao Império Francês e, em 1809, nomeou sua irmã, Elisa Bonaparte Baciocchi, como Grã-Duquesa da Toscana.
Durante esse período, o Palazzo Pitti foi utilizado por Napoleão como residência e base militar, e em seguida serviu como sede de governo para Elisa, que administrou a Toscana até a queda do império napoleônico em 1814.
Com o fim do domínio francês, os Habsburgo-Lorena retomaram o controle da região e restabeleceram sua presença no palácio.

De 1860 a 1919: propriedade da Casa de Sabóia e residência oficial do Rei Vítor Emanuel II, do Reino da Itália unificada
Quando em 1860, a Toscana se tornou província do Reino de Itália, o palácio converteu-se em propriedade da Casa de Saboia e serviu entre 1865 e 1871 como residência oficial do rei Vítor Emanuel II, enquanto Firenze foi capital do reino da Itália recém-unificada, época em que algumas salas já eram usadas como museu.

A partir do Século XX: doação do palácio e de seu conteúdo ao povo italiano
No início do século XX, em 1919, o Palácio Pitti, juntamente com o seu conteúdo, foi doado ao povo italiano por Vítor Emanuel III; por esse motivo, as suas portas foram abertas ao público e o edifício converteu-se em uma das maiores galerias de arte de Firenze.
O Palazzo Pitti nos dias atuais
Hoje em dia, o palácio e outros edifícios situados dentro dos Jardins do Bóboli foram divididos em cinco galerias de arte e um museu, com 140 salas que abrigam peças originais da coleção privada dos Medici e dos seus sucessores e de diversas aquisições posteriores (veja mais abaixo maiores detalhes sobre os Museus e o Interior do Palazzo).
Piazza Pitti, a escultura moderna da artista italiana Rabarama e a fachada do Palazzo Pitti
O que ver no Palazzo Pitti
Museus do Palazzo Pitti e do Giardini di Boboli - Museo degli Argenti
O Museo degli Argenti (Museu da Prata, também chamado "O Tesouro Medici" por pertecerem majoritariamente a Lourenzo de Medici), contém uma coleção de peças valiosas em prata, camafeus, trabalhos em gemas semipreciosas e ourivesaria da Antiguidade, além de um magnífico conjunto de prata alemã, doada pelo grão-duque Ferdinando III da Toscana depois do seu regresso do exílio, em 1815 devido à ocupação francesa.
Salas de Exposição e Peças do Museo degli Argenti
Museus do Palazzo Pitti e do Giardini di Boboli: Galleria del Costume
A Galleria del Costume (Galeria do Traje, pequeno museu na ala do palácio conhecida por "Palazzina della Meridiana") contém uma coleção de figurinos teatrais desde século XVI, artigos de vestuário desde o século XVIII, peças que contam a história da moda italiana, jóias e até vestes funerárias.
Exemplo de Vestuário exposto, demosntrando a evolução da moda através dos séculos
Museus do Palazzo Pitti e do Giardini di Boboli - Museo delle Carrozze
O Museo delle Carrozze (Museu das Carruagens) exibe carruagens extremamente decoradas e outros transportes usados pela corte do Grão-Duque nos séculos XVIII e XIX, como a "Carrozza d'Oro" (Carruagem de Ouro) onde coroas de ouro indicam o lugar dos assentos dos nobres ocupantes.
Algumas das carruagens expostas no Museo delle Carrozze
Outros Pontos Turísticos na Região
Atrações tradicionais ou imperdíveis
Atrações opcionais ou de interesse específico
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