Grécia - Peloponeso: Pylos
- Anna Karen Moraes Salomon
- 24 de mai.
- 5 min de leitura
Atualizado: 9 de ago.
Pylos, também conhecida historicamente como Navarino, é uma cidade portuária no sudoeste do Peloponeso, na Grécia, com vista para a ampla baía que leva seu nome.

Compacta, arborizada e estrategicamente construída em anfiteatro natural, Pylos combina bem uma atmosfera náutica com história intensa, forte presença local e um ritmo acessível para quem viaja de barco ou explora a região de carro.

Origem desse nome
O nome “Pylos” tem origem na Antiguidade e aparece nas obras de Homero como o reino do velho e sábio Nestor. Já o nome “Navarino” tem raízes medievais e vem da presença de mercadores e navegadores francos e venezianos. Durante séculos, os dois nomes coexistiram — um mais ligado à tradição grega, outro ao período de dominação estrangeira.
Um pouco da história desse destino
A história de Pylos cruza muitos momentos importantes da história da Grécia. No período micênico, por volta de 1300 a.C., foi a capital de um dos principais reinos do Peloponeso, governado por Nestor — o mesmo das epopeias homéricas. O palácio que leva seu nome, descoberto em escavações arqueológicas no século XX, é o mais bem preservado de toda a civilização micênica. Ali foram encontradas centenas de tábuas com escrita Linear B, comprovando uma administração organizada, religiosa e comercial ativa.
Após o colapso do mundo micênico, a cidade perdeu importância e permaneceu relativamente discreta por séculos, até voltar ao cenário geopolítico no período bizantino e, depois, nas disputas entre venezianos e otomanos. Cada poder deixou sua marca: os venezianos ergueram o impressionante castelo Velha Navarino, enquanto os otomanos construíram a fortaleza de Neokastro (Castelo Novo), ainda hoje de pé.
Mas foi em 1827 que Pylos entrou de vez nos livros de história. A Batalha de Navarino — a última grande batalha naval da história travada apenas com navios à vela — aconteceu na baía em frente à cidade. A princípio, o objetivo das potências europeias (Grã-Bretanha, França e Rússia) era apenas pressionar o Império Otomano a aceitar a independência da Grécia. Mas um disparo acidental desencadeou um confronto inesperado. Em poucas horas, a frota turco-egípcia foi praticamente aniquilada. Sem querer, os aliados haviam mudado os rumos da guerra e dado à Grécia o impulso final rumo à liberdade. E Pylos, de espectadora, tornou-se símbolo da independência grega.

Após a independência, Pylos renasceu como uma pequena cidade portuária com forte identidade grega. Durante o século XIX e início do XX, manteve-se como centro pesqueiro e agrícola, mas seu valor simbólico como palco da Batalha de Navarino atraiu atenção nacional. Com o tempo, o turismo passou a ocupar um papel crescente na economia local, impulsionado pelas águas calmas da baía, pelas fortalezas históricas e pelas escavações arqueológicas.
Hoje, Pylos equilibra a vida tranquila de uma cidade pequena com o prestígio de seu passado grandioso — é um destino que atrai tanto amantes da história quanto velejadores, arqueólogos e curiosos pela rica tapeçaria do Mediterrâneo.
Curiosidades
Pylos tem algumas peculiaridades dignas de nota.
A primeira é a sombra das suas árvores: no centro da cidade, a praça principal é quase totalmente coberta por plátanos centenários, o que lhe confere um microclima natural. Dizem os locais que a praça de Pylos é o único lugar da Messênia onde nunca se fica ao sol por mais de três segundos (um pouco de exagero, mas lenda é lenda!)
Outra curiosidade: no verão, é comum ver senhores locais jogando tavli (tipo de gamão grego) em plena praça, cercados por netos com sorvetes e gatos esperando restos de souvlaki.
Há também um pequeno detalhe topográfico que intriga quem pilota barcos — a baía de Pylos, apesar de abrigada, tem ressonâncias acústicas únicas: qualquer som de motor, canto ou até assobio se propaga por metros a fio. É um lugar onde se ouve o que ninguém vê.
E uma última peculiaridade que poucos notam: Pylos é uma das poucas cidades da Grécia continental com orientação claramente voltada para o oeste, o que garante pores do sol espetaculares sobre o mar — algo raro em localidades protegidas por baías. Do alto do Neokastro ou até da própria praça central, o céu costuma se tingir de tons dourados e lilás no fim do dia, enquanto os barcos balançam em silêncio na enseada. É o tipo de detalhe que transforma um fim de tarde qualquer em uma pequena celebração cotidiana.
O que ver por lá
Veja aqui as principais atrações da cidade, seguidas de uma indicação da sua relevância turística entre 1 (imperdivel) a 5 (interessse específico).
Castelo de Pylos (Niokastro ou Neokastro): fortaleza do século XVI com muralhas imponentes, museu arqueológico e vista para o mar (1)
Museu Subaquático de Pylos: pequena exposição sobre naufrágios e arqueologia marítima da região, que fica dentro do Castelo (2)
Museu Subaquático de Pylos Praça Central (Trion Navarchon): Dentro do Neokastro, fica a Igreja da Transfiguração do Salvador, que foi originalmente construída como mesquita otomana no século XVI, convertida em igreja pelos venezianos e, após a independência da Grécia, passou a funcionar como igreja ortodoxa. Simples, austera mas muito bonita.(1)
Igreja Ortodoxa da Transfiguração do Salvador, no Neokastro, em Pylos Praça Central (Trion Navarchon): praça principal da cidade com cafés, sombra de plátanos e monumento da Batalha de Navarino (2)
Praça Central de Pylos Memorial da Batalha de Navarino: obelisco e monumentos espalhados ao redor da baía homenageando os aliados da independência grega (3)
Monumento na Praça Central Nos arredores
Palácio de Nestor : ruínas do complexo micênico de Nestor, com afrescos bem preservados e vista sobre colinas agrícolas (2)
Praia de Voidokilia: enseada circular quase perfeita, em formato de ômega com areia clara e mar calmo, água super cristalina, cercada por dunas e ruínas (1) (ver o post)
Praia de Voidokilia
Dicas de Restaurantes
Katerina's Tavern Restaurant: Taverna familiar tradicional com pratos gregos autênticos, ambiente acolhedor e serviço atencioso (4.6/5)
Sapientza Restaurant: Especializado em culinária grega tradicional, oferece porções generosas e ambiente nostálgico (4.6/5)
MODON Restaurant: Restaurante moderno com foco em frutos do mar frescos e pratos mediterrâneos criativos (4.5/5)
Em Voidokilia não há restaurantes diretamente na praia ou imediações, por ser uma área protegida e classificada como zona Natura 2000 devido à sua importância ecológica. O foco ali é preservação — portanto, não há construções ou infraestrutura turística permanente na praia. Os restaurantes mais próximos estão em Gialova (Notre Maison, La Cucina Italiana e Elia Restaurant) ou Petrochori (algumas tavernas e bares locais)
*Notas da Avaliação Média do TripAdvisor em Maio de 2025
Dicas para quem chega de barco
Abrigo seguro e bem protegido: A Baía de Navarino é uma das mais seguras do Jônico. Tem águas calmas mesmo com ventos fortes e oferece bom fundeio em fundo de areia e lodo. Ideal para quem precisa descansar com tranquilidade.
Marina inacabada, mas funcional: Há uma marina semiabandonada ao sul do porto, com alguns pontos de amarração. Apesar de precária, muitos velejadores usam o local para pernoitar com acesso fácil à cidade.
Reabastecimento: Caminhando até a praça principal é possível encontrar padarias, mercados e cafés. Para combustível, é preciso combinar entrega com um caminhão-tanque local — os donos das tavernas ou cafés costumam indicar alguém.
Passeios fáceis a partir do ancoradouro: A pé, chega-se ao centro em 10 minutos. Táxis ou carros alugados levam a Voidokilia, Palácio de Nestor e Gialova.
Cuidado com ecos sonoros: À noite, sons se propagam com facilidade pela baía — incluindo música de barcos vizinhos. Vale manter o gerador desligado depois das 22h.
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