Grécia - Dodecaneso: Leros
- Anna Karen Moraes Salomon
- 22 de ago.
- 8 min de leitura
Atualizado: 2 de set.
Leros é uma ilha do Dodecaneso, na Grécia, localizada entre Patmos e Kalymnos, no mar Egeu oriental. Combina heranças bizantinas, italianas e gregas modernas em um cenário que vai da tradição à memória da Segunda Guerra Mundial. Quem a visita encontra um ritmo sereno de vida, emoldurado pela calorosa hospitalidade grega que permanece como marca do lugar.

Onde fica
Leros situa-se no Mar Egeu, no setor norte do arquipélago do Dodecaneso, vizinha de Patmos ao norte e Kalymnos ao sul. Está a meio caminho entre Samos e Kos, próxima também da costa da Turquia, o que a tornou um ponto estratégico em diversas épocas da história.

Origem do nome
O nome “Leros” tem origem incerta, mas alguns estudiosos associam à palavra grega “leros”, que significa “liso” ou “suave”, talvez em referência às suas colinas arredondadas e ao relevo relativamente brando em comparação a outras ilhas montanhosas do Dodecaneso.
Um pouco da história desse destino
Os primeiros vestígios humanos em Leros remontam ao período neolítico, com achados de ferramentas e cerâmicas. Na Idade do Bronze, foi influenciada pela civilização minoica e mais tarde micênica, aproveitando sua posição estratégica nas rotas comerciais do Egeu oriental.
Na Antiguidade clássica, Leros era associada a Mileto e Samos, cidades poderosas da Jônia, e participou das guerras contra os persas como aliada de Atenas na Liga de Delos. Na época helenística, integrou os domínios dos sucessores de Alexandre, servindo de ponto militar e naval.
Durante o período romano, a ilha permaneceu como entreposto estratégico e abrigou pequenas comunidades agrícolas.
No período bizantino, ganhou destaque com a construção do Castelo de Panteli, erguido sobre antigas fundações, que servia como fortaleza contra piratas. Mosteiros e igrejas surgiram, deixando marcas ainda visíveis.
Entre os séculos XIII e XV, Leros passou por mãos venezianas e genovesas, até cair sob domínio otomano, que se estendeu até o início do século XX.
No período moderno, a ilha foi ocupada pela Itália (1912-1943), que construiu importantes edifícios militares e urbanos, alguns em estilo racionalista ainda de pé, como em Lakki, planejada como cidade-modelo.
Na Segunda Guerra Mundial, Leros foi palco da Batalha de Leros em 1943, um confronto entre forças italianas, britânicas e alemãs, que devastou a ilha.
Finalmente, em 1947, Leros foi integrada oficialmente à Grécia com o restante do Dodecaneso.
Hoje, preserva tanto ruínas históricas quanto uma forte memória da guerra, combinando-as com turismo, pesca e agricultura como bases de sua identidade.
Curiosidades
Na mitologia grega, Leros era considerada a ilha favorita de Ártemis, a deusa da caça, dos animais selvagens e da vegetação. Entre colinas suaves e planícies férteis, ela era reverenciada pelos habitantes que ergueram em sua homenagem um templo na região de Partheni, no extremo norte. Até hoje, a terra generosa oferece azeitonas e azeite, citrinos, figos, frutas variadas e legumes frescos, sustentando uma tradição agrícola profundamente ligada ao cotidiano da ilha.
Leros foi um dos últimos bastiões da resistência aliada no Egeu durante a Segunda Guerra Mundial, razão pela qual a ilha possui inúmeros túneis, abrigos e ruínas militares espalhados pelo território.
Suas vilas possuem uma identidade própria, e algumas se destacam justamente pelo traçado urbano e pela arquitetura incomum no Egeu. O caso mais notável é Lakki: planejada pelos italianos há cerca de um século, recebeu o nome de Porto Lago durante o período de ocupação do Dodecaneso (1912–1943). Diferente de qualquer outra cidade grega, foi concebida como um projeto visionário nos anos 1930, seguindo os princípios do Racionalismo Italiano, estilo arquitetônico em alta nas décadas de 1920 e 1930. Suas largas avenidas e edifícios de linhas geométricas conferem à cidade uma atmosfera moderna e única, em contraste com o tradicional estilo helênico.
Agia Marina, Lepida e a própria Lakki, antigas mansões neoclássicas construídas por famílias abastadas no passado ainda embelezam as ruas, muitas delas adaptadas ao longo do tempo para servir como edifícios públicos.
A cidade de Lakki abriga ainda o porto natural mais profundo de todo o Mediterrâneo.
Por décadas, Leros também foi lembrada como local de um hospital psiquiátrico, utilizado pelo regime militar grego nos anos 1960 e 70, o que marcou fortemente a memória coletiva da ilha.
Hoje, Leros é conhecida pelos seus festivais de verão, como a festa de Agia Marina, quando toda a comunidade se reúne com música, dança e pratos tradicionais.
Cidades, vilas e praias
Leros conta com diversas vilas relevantes, distribuídas principalmente ao longo da costa. As principais são Agia Marina, Panteli, Alinda, Lakki e Xirokambos. A ilha possui mais de 15 praias reconhecidas e acessíveis, que vão de baías tranquilas a enseadas mais movimentadas.
Vilas:
Agia Marina (capital e centro administrativo, na costa leste)
Panteli (aldeia pitoresca com o castelo no alto)
Alinda (importante centro turístico, com longa praia)
Lakki (porto principal, de origem italiana)
Xirokambos (sul da ilha, vila tranquila com enseada protegida)
Praias:
No leste da ilha: Alinda, Vromolithos, Panteli, Agia Marina
No norte da ilha: Blefoutis, Gourna
No sul da ilha: Xirokambos
No oeste da ilha: Drymonas, Merikia
No entorno: Partheni, Agios Isidoros, Dyo Liskaria, Panagies, Tourkopigado
O que ver por lá
Veja aqui as suas principais atrações, seguidas do tipo de atração, da região da ilha onde se encontra e de uma indicação da sua relevância turística variando de 1 - imperdível a 5 - interesse específico.
Palaiokastro (Παλαιόκαστρο): fortificação mais antiga de Leros, no alto da colina sobre Xerokampos; inclui igreja paleocristã da Virgem Maria (séc. IV) e muros ciclópicos. (fortaleza/história, Xerokampos – sul, 2)
Castelo de Panagia (Apitiki) (Κάστρο της Παναγίας): fortificação bizantina com vista panorâmica que domina Agia Marina, Platanos e Pandeli, acessada pelos moinhos; guarda igreja do séc. XVII com iconostásio dourado e museu eclesiástico. (castelo/religião, Apitiki – centro, 2)
Museu Arqueológico de Leros (Αρχαιολογικό Μουσείο Λέρου): ocupa um edifício neoclássico de 1882 e guarda peças da pré-história ao período cristão primitivo, como cerâmicas, moedas e mosaicos. (museu/história, Agia Marina – região central, 3)
Museu da Guerra de Merikia (Πολεμικό Μουσείο Λέρου): instalado em antigo túnel militar da Segunda Guerra, exibe veículos, aviões, armas e documentário sobre a batalha de 1943. (museu/história militar, Merikia/Lakki – sul, 2)
Agia Marina, Platanos e Panteli (Αγία Μαρίνα), : conjunto de vilas que formam a capital da ilha, com mansões antigas, moinho histórico sobre o mar, praia Panteli (Παραλία Παντέλι), forte romano de Brouzi e vida social animada. (vilas/cultura, Agia Marina/Platanos/Panteli – centro-leste, 2)
Igreja de Agios Isidoros (Εκκλησία Άγιος Ισίδωρος): Capela pitoresca em ilhota ligada por passarela. (Religioso) (Agios Isidoros, oeste da ilha) (2)
Lakki (Λακκιού): cidade planejada nos anos 1930 pelos italianos, com arquitetura racionalista, avenidas largas e o maior porto natural do Mediterrâneo oriental; reúne edifícios históricos, cinema antigo, memorial de guerra e museu nos túneis. Interessante para conhecer um estilo urbanístico diferente dos demais na Grécia, mas sem muita atratividade (cidade/história, Lakki – sul) (1)
Alinda (Άλινδα): região turística movimentada, com praia extensa, vegetação abundante, igrejas medievais e mosteiros históricos, além da Torre Belleni. A Praia de Alinda é longa praia organizada, ideal para famílias. (praia/cultura, Alinda – norte, 2)
Torre Belleni (Πύργος Μπελλένη) – Museu de História e Arte Popular: construída nos anos 1930 em Alinda, abriga coleções de trajes, utensílios, bordados e objetos ligados à memória da ilha. (museu/cultura, Alinda – norte, 3)
Praia Vromolithos (Παραλια Βρωμολιθος): Popular e bem estruturada, próxima a Panteli. (Praia) (Panteli) (3)
Praia Blefoutis (Παραλία Μπλεφούτης): Baía calma e protegida, boa para fundeio. (Praia) (Norte da ilha) (3)
Xerokampos (Ξερόκαμπος): vila costeira com vista para Kalymnos, marcada por oliveiras e ciprestes; abriga o Castelo de Lepidon (2.500 anos) e a igreja de Panagia Kavouradena, encaixada entre rochedos. (vila/história/religião, Xerokampos – sul, 3)
Ilha vizinha de Archangelos (Αρχάγγελος): Pequena ilha habitada sazonalmente, com praia e taverna. (Ilha vizinha) (Norte da ilha) (4)
Como chegar lá
De Atenas, é possível chegar a Leros de duas formas: voando diretamente pelo aeroporto local (cerca de 1h de voo) ou pegando o ferry no Pireu, que leva entre 8 e 10 horas, dependendo da rota. Alternativamente, pode-se voar até Samos ou Kos e seguir de ferry até Leros.
Dicas para quem chega de barco
Fundeio seguro: Lakki é uma das melhores baías naturais do Egeu, com excelente abrigo.
Infraestrutura náutica: Leros possui marinas bem equipadas em Lakki e Partheni.
Abastecimento: Água, combustível e mantimentos disponíveis em Lakki.
Reparos: A ilha é conhecida por estaleiros de qualidade, com serviços técnicos para barcos.
Opções de fundeio: Além de Lakki, enseadas como Blefoutis e Xirokambos oferecem bom abrigo.
Sugestão de roteiro por terra
Dia 1 – Norte e Centro-Leste
Alinda (Άλινδα): praia extensa, organizada e ideal para famílias. (praia/cultura, norte, 1h30)
Torre Belleni (Πύργος Μπελλένη): museu de história e arte popular instalado em torre dos anos 1930. (museu/cultura, Alinda – norte, 45min)
Krithoni: vilarejo com casas típicas, pequenas igrejas e praia de águas rasas. (vila/praia, norte, 45min)
Agia Marina, Platanos e Panteli: capital e vilas vizinhas com mansões antigas, moinho, forte de Brouzi e vida social animada. (vilas/cultura, centro-leste, 1h30)
Praia Vromolithos (Παραλια Βρωμολιθος): popular e bem estruturada, próxima a Panteli. (praia, Panteli, 1h)
Castelo de Panagia (Κάστρο της Παναγίας – Apitiki): fortificação bizantina com igreja do séc. XVII, museu e vista panorâmica. (castelo/religião, Apitiki – centro, 1h)
Dia 2 – Sul e Norte
Lakki (Λακκιού): cidade de traçado italiano, com arquitetura racionalista e porto natural. (cidade/história, sul, 1h)
Museu da Guerra de Merikia (Πολεμικό Μουσείο Λέρου): túnel militar com acervo bélico da 2ª Guerra Mundial. (museu/história militar, Merikia – sul, 1h)
Xerokampos (Ξερόκαμπος): vila costeira com igreja Panagia Kavouradena e Castelo de Lepidon. (vila/história/religião, sul, 1h15)
Palaiokastro (Παλαιόκαστρο): fortificação mais antiga da ilha, com muros ciclópicos e igreja paleocristã. (fortaleza/história, Xerokampos – sul, 1h)
Praia Blefoutis (Παραλία Μπλεφούτης): baía calma, protegida e boa para banho ou fundeio. (praia, norte, 1h30)
Ilha vizinha de Archangelos (Αρχάγγελος): pequena ilha com praia tranquila e taverna sazonal. (ilha/praia, norte, 2h)
Sugestão de roteiro por barco
Em 3 dias de navegação e fundeio:
Dia 1 – Leste de Leros (Panteli e arredores)
Fundear em Panteli: Desembarque para visita à vila e tabernas (2) (2h)
Castelo de Panteli: Caminhada até a fortaleza (1) (2h)
Praia Vromolithos: Acesso de bote para banho (3) (2h)
Pernoite em Panteli
Dia 2 – Centro e oeste (Alinda, Lakki e Merikia)
Praia Alinda: Fundear próximo para banho e visita à vila (2) (3h)
Lakki: Exploração da cidade portuária e arquitetura italiana (2) (2h)
Museu da Guerra de Merikia: Visita a partir de Lakki (2) (1h30)
Igreja de Agios Isidoros: Chegada de bote à capela (2) (1h)
Pernoite em Lakki
Dia 3 – Norte e sul da ilha (enseadas tranquilas)
Praia Blefoutis: Fundear em baía calma para mergulho (3) (3h)
Ilha de Archangelos: Excursão de barco até a pequena ilha vizinha (4) (3h)
Xirokambos: Última parada em enseada protegida no sul da ilha (3) (2h)
Pernoite em Xirokambos ou seguir para Kalymnos
Leros é uma ilha do Dodecaneso que surpreende pela mistura de tradição, história e paisagens serenas. Entre Patmos e Kalymnos, guarda fortalezas bizantinas como o Castelo de Panteli, memórias da Segunda Guerra no Museu da Guerra de Merikia e até uma cidade portuária em estilo italiano, Lakki, única na Grécia. Suas vilas, como Agia Marina, Panteli e Alinda, oferecem a atmosfera típica das ilhas gregas, com tavernas à beira-mar e ruas estreitas. As praias são inúmeras, de baías tranquilas como Blefoutis até extensões convidativas como Alinda e Vromolithos. No fim da tarde, a capela de Agios Isidoros é um dos cenários mais fotogênicos da ilha. Leros é um destino que combina o passado marcante com a simplicidade da vida insular. É isso ai! Leros, no Dodecaneso, pode por no seu roteiro da Grécia!







































Comentários