Firenze 07 - Bargello
- Anna Karen
- 17 de jun. de 2015
- 5 min de leitura
Atualizado: 4 de mai.
O Bargello é um dos edifícios públicos mais antigos de Firenze e foi utilizado para diversas finalidades ao longo da história, tornando-se palco de episódios decisivos para a cidade. Antes uma prisão, hoje abriga um museu das chamadas "artes decorativas", com peças variadas que vão da escultura e pintura a belas peças de cerâmica e marfim, além de moedas e armas.

A história do edifício
O edifício que abriga o museu, construído em 1255, inicialmente foi usado como sede do Capitano del Popolo (figura que representava a classe burguesa na política da comuna), foi transformado na residência do Bargello (chefe da polícia) e em uma prisão, depois em sede do Podestà (espécie de magistrado principal da comuna) e do Conselho de Justiça, até ser destinado em 1859 para o museu que deveria documentar a história e a arte da Toscana.
Diversos episódios importantes da história de Firenze tiveram seu palco no Bargello, como o Conselho dos Cem (do qual Dante Aligheri fazia parte) e as execuções da Conspiração Pazzi (famosa tentativa de golpe mal sucedida contra os Medici), entre muitos outros.
Após restaurado, foi inaugurado em 1865 junto aos festejos comemorativos do 400º aniversário de Dante Alighieri.
A formação de seu acervo
O museu recebeu obras de outras instituições para formar seu acervo inicial.

O Bargello tem três andares: o térreo com um beloo pátio, e uma exposição que se estende por salas em diferentes níveis, enriquecida com doações de peças de faiança, cerâmica, marfim e âmbar, bem como medalhas, tapeçarias, mobiliários, têxteis, selos, armaduras, armas e outras peças das coleções da família Medici.
Essas peças das chamadas “Arti Minori” (artes menores) acabaram definindo o perfil do museu como sendo dedicado às artes decorativas, embora sua seção de escultura renascentista ainda seja notável pela quantidade de obras-primas de grandes artistas do renascimento.
Arquitetura da fachada e do pátio interno
A fachada do prédio ainda apresenta uma característica mista entre torre e fortaleza, e prisão, preservando sua construção original.

No Pátio Interno, cuja aparência original foi praticamente recuperada em um restauro do século XIX, destacam-se um sarcófago romano (a peça mais antiga do museu), a pia batismal de Santa Maria Novella e a estátua “Oceano” de Giambologna.


Estátua “Oceano” de Giambologna
Sala di Michelangelo (e do "Cinquecento")
Na sala "Michelangelo e do Cinquecento”, decorada com escudos antigos, o destaque fica para as esculturas Busto de Brutus e "Apolo ou Davi" (há debates sobre sua real identidade) de Michelangelo e para o Bacco de Giambologna e de Jacopo Sansovino, além de obras de Cellini, Bandinelli e Ammannati.

Sala Michelangelo e do Cinquecento

Tondo Pitti de Michelangelo

Busto de Brutus de Michelangelo

Bacco de Michelangelo

Bacco de Giambologna
Sala dos Marfins (Sala Degli Avori)
A Sala dos Marfins apresenta 265 peças em marfim dos séculos V ao XVII, com destaque para um díptico (conjunto de duas tábuas articuladas por dobradiças com motivo religioso pintado ou esculpido em relevo) com cenas da vida de São Paulo e outra de Adão nomeando os animais, além de objetos de toillette em marfim, ébano e madrepérola.

Díptico de Adão e São Paulo na Sala dos Marfins
Sala da Capella del Podestà ou Capella della Madallena
Na Sala da Capela de Maria Madalena (ou Capella del Podestà), utilizada a partir de 1280 para abrigar os condenados à morte que aguardavam a execução, pode-se ver agora afrescos da escola de Giotto e de Sebastiano Mainardi, que foram recuperados após terem sido recobertos com cal quando o espaço foi transformado em cárcere.


Afrescos de Giotto da Sala da Capela de Maria Madalena ou Capela do Podesta,
com destaque para a figura de Dante ao Centro, de trajes cor de vinho
Sala da Coleção Carrand
A Sala da Coleção Carrand é um exemplo típico do colecionismo eclético do século XIX, doada à cidade com a condição de ser exposta no Bargello, onde chamam atenção as jóias bizantinas e lombardas e as miniaturas da escola gótica francesa.

Peça da Sala da Coleção Carrand
Sala Islâmica
A Sala Islâmica abriga a coleção dos Grãos-Duques da Toscana e peças de outras coleções privadas, com destaque para as peças da artesania árabe em metais preciosos.

Peças da Sala Islâmica
Salone di Donatello (e da Escultura do Quattrocento)
No Salão de Donatello e da Escultura do Quattrocento, o destaque fica para três obras de Donatello: o Davi em mármore, o Davi em bronze e o São Jorge di Orsanmichele, além da obra “O Sacrifício de Isaac” de Ghiberti, criada como peça vencedora do concurso para a segunda porta do Batistério de Firenze em 1401.

Davi em mármore de de Donatello, encomendado para o Duomo em 1408, mas jamais instalado na fachada da catedral e sim levado ao Palazzo Vecchio

Davi em bronze de Donatello, da fase madura de Donatello, tido como o primeiro nu em tamanho natural realizado desde a Antigüidade clássica, causando impacto ao ser exposto pela primeira vez

São Jorge de Donatello, antigamente exposto em um dos tabernáculos externos da Igreja de Orsanmichele, um dos pontos altos da produção juvenil do artista

Placa original de Ghiberti “O Sacrifício de Isaac” vencedora do concurso da porta do Batistério
Galleria Verone
A Galleria Verone, no segundo piso, além das esculturas decorativas do cinquecento renascentista, tem um teto maravilhoso que chama atenção também.


Sala da Escultura Medieval (Sala della Scultura del Trecento)
A Sala da Escultura do Trecento traz esculturas da transição entre os séculos XIII e XIV. Ela foi reaberta ao público em maio de 2022 após um cuidadoso processo de restauro e reconfiguração do percurso expositivo, destacando obras da escultura toscana desse período. O destaque fica para obras como os Accoliti de Arnolfo di Cambio, a Madonna col Bambino de Tino di Camaino e a acquasantiera da igreja de San Piero a Quaracchi.

Sala das Majólicas (Sala delle Maioliche)
Na Sala das Majólicas, há uma coleção deste tipo de cerâmica (terracota recoberta com esmalte opaco metálico e posteriormente pintada com motivos variados) provenientes em sua maioria de antigas manufaturas da Toscana, entre exemplares mouriscos espanhóis, incluindo vasos e recipientes médicos e farmacêuticos.

Peça de cerâmica da Sala das Majólicas
Sala del Verrocchio
Na Sala del Verrocchio e da Escultura do segundo Quattrocento, se destaca novamente o Davi de Verrocchio, que é um dos destaques do museu esculpido pelo mestre de Leonardo da Vinci.

Sala Dei Bronzetti (Sala dos Pequenos Bronzes)
Na Sala dos Pequenos Bronzes, está exposta a maior coleção de cópias reduzidas de obras clássicas da Itália. A coleção é notável por conter bronzes do Renascimento, incluindo cópias e originais de Donatello, Riccio, entre outros.

Sala Dei Bronzetti, com suas pequenas esculturas de bronze
Sala di Andrea della Robbia
Na Sala de Andrea della Robbia, dedicada à escola do artista, destaca-se sua peça mais antiga no museu, a Madonna dos Arquitetos, de 1475.

Sala de Andrea della Robbia e a Madonna dos Arquitetos
Sala di Giovanni della Robbia
Na Sala de Giovanni della Robbia, dedicada ao ceramista e outros que no século XVI continuaram a escola sui generis nesta técnica de seu pai, Andrea della Robbia.

Peça da Sala de Giovanni della Robbia
Sala das Armas (Armeria)
A Sala das Armas apresenta 2 mil peças que cobrem pelo menos um milênio na história das armas bélicas, ornamentais e desportivas da Europa.

Elmo exposto na Sala das Armas
Salas da Escultura Barroca (Sala della Scultura Barroca) e das Medalhas (Sala del Medagliere)
Nas Salas da Escultura Barroca e das Medalhas é exposta uma pequena parte da extensa coleção de numismática do Bargello, que compreende mais de 25 mil peças, além de esculturas do período barroco.
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