Grécia - Evia: Chalkis ou Chalkida

Grécia - Evia: Chalkis ou Chalkida

Chalkida — também conhecida como Chalkis ou Khalkís — é a capital da ilha de Evia (também conhecida como Eubeia), situada no ponto mais estreito do Estreito de Euripo, onde a ilha quase toca o continente grego. Essa estreita faixa de mar, atravessada por uma pequena ponte móvel, define a geografia e o ritmo da cidade: uma metrópole portuária com raízes profundas na Antiguidade e uma atmosfera ativa e cheia de contrastes. Uma fortaleza otomana, alguns prédios do legado veneziano, cafés e restaurantes na Orla que observa a curiosa corrente que muda de lado a cada 6 horas, que intrigou até Aristóteles, Chalkida é o tipo de cidade onde o passado e o presente compartilham o mesmo cais.

Evia: Chalkis (Chalkida)

Para ser sincero, a cidade acabou decepcionando. É verdade que há bons restaurantes, alguns beach clubs bem cuidados, uma pequena fortaleza, o curioso fenômeno das correntezas e a ponte que se abre à noite para a passagem dos barcos.

Mas, no geral, é um destino que deve ser considerado, na nossa opinião, apenas como ponto de passagem — seja para quem do continente chega de carro à ilha ou para quem navega pela costa oeste e precisa aguardar a abertura da ponte para subir rumo ao norte.

A cidade em si tem um aspecto envelhecido, como se os edifícios tivessem sido erguidos nos anos 1950 e desde então nunca mais tivessem visto uma reforma. Não é bonita, e suas praias tampouco se destacam - são transparentes mas não carregam aquela azul que tanto encanta o mar da Grécia.

De qualquer forma, vamos compartilhar a seguir as informações que pesquisamos sobre Chalkis.

Origem desse nome

O nome “Chalkida” deriva da palavra grega antiga “χαλκός” (chalkós), que significa “cobre”. Acredita-se que a cidade tenha recebido esse nome por sua relação com a metalurgia na Antiguidade, embora não haja registro de grandes minas na região. Ainda assim, o nome perpetua sua importância artesanal e comercial.

Um pouco da história desse destino

Chalkida (ou Chalkis) tem uma das histórias mais antigas e contínuas de toda a Grécia. Já era habitada desde o período micênico, mas ganhou destaque a partir do século VIII a.C., quando se tornou uma potência marítima e comercial. Foi uma das cidades fundadoras das colônias de Cumas e Nápoles, na Itália, expandindo a influência grega para além do mar Jônico e do Adriático.

Durante séculos, rivalizou com a vizinha Eretria pelo controle da ilha de Evia e das rotas comerciais do norte do Egeu. Passou por períodos de declínio e renascimento sob domínio romano e, depois, bizantino, quando voltou a florescer como centro estratégico e administrativo.

No período medieval, caiu sob domínio veneziano e passou a ser chamada de “Negroponte” — nome que permaneceu até a chegada dos otomanos no século XV.

Cada ocupação deixou suas marcas: os venezianos construíram fortalezas e pontes, os otomanos mesquitas e mercados, e o Estado grego moderno, edifícios neoclássicos.

Hoje, a cidade é um mosaico de camadas históricas — com traços venezianos, otomanos e neoclássicos ainda visíveis na arquitetura e no urbanismo, revelando sua longa trajetória como ponte entre culturas e épocas.

Hoje, Chalkida tem uma economia diversificada, impulsionada por sua posição estratégica no estreito de Euripo. Historicamente um entreposto comercial entre a Grécia continental e a ilha de Evia, a cidade mantém até hoje atividades portuárias relevantes, com estaleiros, indústria leve e comércio marítimo.

A proximidade com Atenas — apenas 80 km — transformou Chalkida também em cidade-dormitório e polo de serviços regionais. Há um setor comercial ativo, pequenas indústrias e centros logísticos que abastecem tanto Evia quanto a capital.

No turismo, embora não seja uma das cidades mais visitadas da Grécia, recebe um fluxo constante de gregos, especialmente nos fins de semana e feriados, que buscam seus restaurantes à beira-mar, a curiosa ponte móvel e a vida urbana com clima de interior. A gastronomia local, baseada em frutos do mar frescos, é um dos pontos fortes da cidade.

Curiosidades

Uma das maiores curiosidades de Chalkida é o fenômeno das correntes do Estreito de Euripo: a cada seis horas, as águas mudam misteriosamente de direção, como se obedecessem a uma força invisível. Intriga navegadores e cientistas desde a Antiguidade — e segundo a lenda, foi justamente esse mistério que levou Aristóteles a estudar o local, frustrado por não conseguir explicá-lo. Dizem que, num momento de desespero filosófico, ele se atirou nas águas para “sentir” a resposta com o corpo.

A Ponte Velha de Chalkida, uma das mais estreitas e antigas da Grécia ainda em operação, é outro marco. Seu sistema de abertura lateral, acionado pontualmente às 23h para a passagem de embarcações, transforma a travessia em um espetáculo cotidiano — especialmente para quem observa da margem com um prato de peixe fresco à mesa. Para os navegadores, a espera para cruzar o estreito se torna parte do roteiro: barcos se concentram na baía, observando as luzes da cidade enquanto aguardam a hora exata da abertura da ponte.

Outra curiosidade menos conhecida é que, durante o domínio veneziano, Chalkida foi considerada uma das fortalezas mais importantes do Egeu, e o nome “Negroponte” — literalmente “ponte escura” — inspirava tanto respeito quanto temor entre comerciantes e inimigos. A cidade foi palco de intensos combates entre venezianos e otomanos, inclusive o famoso Cerco de Negroponte, em 1470, quando mais de 600 navios estiveram envolvidos em uma das maiores batalhas navais da época.

Hoje, pouco resta das muralhas, mas ruínas e bastiões escondidos ainda contam, em silêncio, os ecos desse passado turbulento.

O que ver por lá

Veja aqui as principais atrações da cidade, seguidas de uma indicação entre parênteses da sua relevância turística variando de 1 - imperdível a 5 - interesse específico.

1. Ponte Velha de Chalkida (Euripo) e o fenômeno das correntes: Ponte que liga Eubeia ao continente, famosa pelas correntes que mudam de direção a cada 6 horas e pelo mecanismo de abertura lateral às 23:00 horas para o barcos passarem. (1)

2. Castelo de Karababa: Fortaleza veneziana no alto da colina oposta ao centro, com vista panorâmica e estrutura bem conservada. (2)

3. Museu Arqueológico de Chalkida (Arethousa): Reúne artefatos de toda a região de Eubeia, com destaque para cerâmicas e esculturas arcaicas. (2)

4. Caminhada à beira-mar (Paralia Chalkidas): Passeio com vista para o estreito e muitos cafés. (3)

5. Praia de Asteria: Praia urbana com cafés e mar calmo. (3)

Dicas para quem chega lá de barco

• Ponte móvel de Euripo: A travessia pelo estreito só é permitida com a abertura da ponte, que ocorre apenas durante a noite, geralmente entre 23h e 04h. A travessia deve ser autorizada pela autoridade portuária, e é obrigatório o uso de VHF para comunicação (canal 12). Essa operação é controlada, exige pagamento de taxa antecipadamente e pode envolver espera de horas, portanto vale planejar a chegada com antecedência.

• Correntes intensas: O Estreito de Euripo é famoso por suas correntes alternantes, que mudam de direção de forma visível e com força considerável, várias vezes por dia. A navegação exige atenção redobrada, sobretudo ao manobrar em espaços estreitos.

• Melhor ancoragem: O antigo porto central é agitado e menos indicado. As marinas ao sul do estreito, voltadas para o lado continental, oferecem paragem mais estável e acesso fácil ao centro da cidade.

• Infraestrutura completa: Chalkida conta com abastecimento de combustível, água, lavanderia, mercado, oficinas mecânicas e lojas náuticas nas proximidades da marina moderna. É uma boa parada para reabastecer ou resolver pendências técnicas. Mas note que a marina fica há cerca de 1,5 km do centro.

• Inspeções e controle: Por ser uma cidade grande com tráfego intenso, inspeções portuárias são mais comuns. Ter toda a documentação à mão e o AIS ativo facilita a navegação e eventuais abordagens.

Restaurantes

• Lupo Trattoria: Restaurante de cozinha ítalo-grega contemporânea, muito elogiado pelo risoto de cogumelos trufados e o polvo grelhado. (Avaliação média: 4.8/5). Fomos e gostamos: a focaccia e salada de figo estavam deliciosas!

• Ouzeri to Anamnisi: Típico grego com excelente meze e frutos do mar. Ambiente descontraído e autêntico. (Avaliação média: 4.7/5)

• Piato: Cozinha mediterrânea criativa, pratos bem apresentados e carta de vinhos notável. (Avaliação média: 4.6/5)

Notas da Avaliação Média do TripAdvisor em Maio de 2025