Defensas: Tipos e Usos

As defensas são um dos itens mais importantes de proteção a bordo, funcionando como verdadeiras “almofadas de impacto” entre o casco e o cais ou outra embarcação.

A escolha dos modelos mais adequados depende do porte do barco, do local de atracação e da frequência de uso.

Conhecer os diferentes tipos ajuda a organizar o setup de forma mais eficiente e segura.

A defensa FendertTex Cilíndrica é feitas em tecido trançado de alta resistência, infláveis e extremamente leves. Desinfladas, ocupam pouquíssimo espaço, o que é uma vantagem em embarcações com estiva reduzida. Elas são menos resistentes do que a de PVC (já tivemos duas que furaram quando foram muito forçadas contra piers ásperos), mas elas são muito mais leves e fáceis de manusear e por isso são ideais para o dia-a-dia quando estamos protegendo o GiraMondo de outros barcos. E para completar, no final da temporada quando subimos o barco para o seco ou quando elas estão muito sujas, é possível desinflar e lavar na máquina de lavar. São muito práticas.

A defensa Fendertex Tubular segue a mesma lógica de construção da Fendertex cilíndrica — leve, inflável, resistente e de fácil manuseio —, mas apresenta um formato mais comprido e estreito. Essa proporção garante maior cobertura vertical, tornando-a especialmente indicada para proteger áreas extensas do casco. Em atracações laterais, a Tubular funciona como uma verdadeira “coluna de proteção”, acompanhando quase toda a altura do costado, desde próximo ao topo dele até a linha d’água. Essa característica é fundamental em barcos com borda alta, pois evita que partes desprotegidas fiquem expostas. Além disso, o diâmetro mais fino facilita o encaixe em espaços onde defensas convencionais ocupam muito volume, sem perder eficiência na absorção de impacto. É uma solução prática tanto para marinas com docas mais altas quanto para atracações em paredões de pedra ou cais menos uniformes.

Por unir leveza, flexibilidade e grande área de proteção, a Fendertex Tubular acaba sendo uma opção versáteis para quem deseja aumentar a segurança do casco em diferentes situações de atracação.

As defensas de PVC média (no nosso caso optamos pela Plastimo de 90 cm de circunferência) são robustas, duradouras e resistentes. Elas são fabricadas em PVC, um material plástico flexível e resistente que é distribuído uniformemente durante o processo de fabricação por rotação, garantindo uma boa absorção de impacto, além de ser resistente aos raios UV.  Por essas caracteristicas, elas são ideais para proteger o barco em atracações contra píeres ou cais mais ásperos, onde uma defensa FenderTex pode se desgastar ou furar mais rapidamente. A desvantagem está no peso: são muito mais pesadas do que as FenderTex, exigindo maior esforço no manuseio e ocupando espaço significativo a bordo. Ainda assim, seu tamanho mais compacto em relação às de 100 cm as torna mais práticas para o uso cotidiano, especialmente em situações de atracação frequente, onde a agilidade para colocar e recolher a defensa faz diferença.

Já a defensa de PVC grande (no nosso caso optamos pela Plastimo de 100 cm de circunferência) tem as mesmas características da de PVC média, mas oferece uma proteção superior, não só por cobrirem uma área maior do costado, mas também por terem mais volume e peso, o que as mantém mais firmes mesmo em dias de vento forte. Essa característica evita que a defensa “voe” ou se desloque facilmente, garantindo maior segurança em condições adversas. Por outro lado, esse mesmo peso torna o manuseio mais trabalhoso, e por isso a gente prefere mantê-las desinfladas e guardadas no paineiro, tirando apenas quando há previsão de ventanias ou situações que exigem máxima proteção. Assim, tornam-se um recurso estratégico: não são as mais práticas para o dia a dia, mas oferecem tranquilidade extra nos momentos mais críticos.

A defensa Step combina função dupla: protege o casco e, principalmente, serve de apoio para embarque e desembarque quando o cais está mais alto. Quando atracamos o GiraMondo alongside (ou seja, paralelo ao cais), se o pier for muito baico em relação ao topo do costado, a gente pisa da defensa para dar impulso para subir no barco. É um modelo prático, especialmente útil em marinas onde a altura das docas varia bastante. Ela é vendida em vários formatos (inclusive uma que parece realemnte uma escada), mas no nosso caso optamos por uma no formato de "Sorriso", pois é meno e mais fácil de guardar.

A defensa esférica já fazia parte do setup do barco quando ele chegou, inicialmente pensada para proteger o espelho de popa no sugar scoop. Na prática, porém, não se mostrou eficiente nessa função: por ter formato arredondado, acabava pulando da posição correta e, em alguns momentos, até saía da água, deixando partes do espelho desprotegidas. Com o tempo, descobrimos um uso muito mais eficaz para ela. Hoje, utilizamos principalmente em situações de maior risco no costado de popa, quando há ventania forte ou quando outro barco se aproxima com dificuldade para atracar ao nosso lado. Nessas ocasiões, posicionamos a defensa esférica na proa e a movimentamos em direção à popa, acompanhando toda a manobra do vizinho. O formato redondo permite que ela role suavemente, absorvendo o contato em diferentes pontos e mantendo o GiraMondo protegido até que a atracação esteja concluída. Em dias de vento intenso, trabalha em conjunto com as defensas de PVC maiores, acrescentando uma camada extra de segurança contra impactos diretos.

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Falando um pouco da proteção da popa durante a atracação de ré

O sugar scoop de um catamarã é uma espécie de “porta de entrada” do barco: são aquelas passagens em forma de escada incorporadas na estrutura da parte de trás (da popa) da embarcação. Além da praticidade, o sugar scoop também melhora a circulação a bordo, já que cria um acesso mais confortável entre o nível do mar ou o píer e o convés principal.

O nome vem do inglês e significa literalmente “concha de açúcar” ou “colher de açúcar”. A comparação surgiu porque o formato dessa plataforma lembra uma colher ou concha arredondada usada para servir açúcar: um recorte curvado na popa que desce em direção à água, especialmente nos catamarãs mais antigos, mas o nome pegou.

O espelho de popa é a parte traseira do casco da embarcação, a “parede” que fecha a popa. Nos barcos a motor, é a área onde normalmente ficam instalados os motores de popa ou de centro-rabeta; nos veleiros e catamarãs, é a superfície plana que delimita a parte final do barco, logo abaixo do sugar scoop. Ele recebe esse nome porque, tradicionalmente, nos navios antigos, essa região era ornada com entalhes e decorações que refletiam o prestígio do armador — como um “espelho” que mostrava a identidade do barco. Com o tempo, o termo se consolidou na linguagem náutica para designar toda a superfície plana da popa.

Justamente por ser a parte mais próxima da água e com quinas expostas, o espelho de popa do sugar scoop é uma das áreas mais vulneráveis em atracações de ré (stern-to). Sem a proteção adequada de defensas — tanto a extensão do sugar scoop que vai ficar paralela ao cais quanto nas suas quinas —, os impactos contra o cais podem facilmente causar arranhões ou lascados no gelcoat. É por isso que, em catamarãs, o cuidado com essa região é ainda mais importante do que em veleiros monocasco.

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Para a popa, as defensas cilíndricas compridas sem pontas arredondadas ou defensas planas ou de painel, que cobrem uma área maior de superfície, são ideais para o espelho de popa.

Elas são especialmente úteis em atracações stern-to porque distribuem a pressão de forma mais uniforme no espelho, evitando pontos de impacto concentrado.

Por serem mais volumosas, nós as deixamos permanentemente na popa do barco. Ela tem um cabo em cada uma das suas laterais com um mosquetão na ponta. Durante a atracação de ré, ela fica posicionada na altura da linha d'água cobrindo o espelho de popa, com os mosquetões do cabo engatados em D-Rings (argolas fixadas) no chão. Quando desatracamos, removemos um dos mosquetões do D-Ring do chão e o engatamos no guarda mancebo da popa para evitar que ela atrapalhe circulação quando estamos navegando ou ancorados.

Ainda para a popa, as defensas triangulares para quina do espelho de popa são as mais indicadas. Moldadas para se adaptar ao formato angular, fixam-se melhor e oferecem absorção de impacto justamente no ponto mais vulnerável. Diferenciam-se das defensas cilíndricas porque não rolam e não se deslocam tanto com o movimento da água ou do barco vizinho.

Nós mandamos fazer a nossa sob medida com uma espuma especial bem compacta e um tecido super resistente e impermeável. Ela fica presa através de um cabo com mosquetão em um D-Ring (arqola fixada) no chão do sugar scoop. A  desvantagem é que protegem uma área bem localizada, então precisam sempre ser combinadas com defensas maiores para garantir cobertura completa.

No dia a dia, a melhor estratégia costuma ser a combinação: defensas cilíndricas ou tubulares para cobrir a extensão vertical do sugar scoop, defensas de quina para reforçar os cantos e, se necessário, uma defensa plana adicional para absorver impactos mais fortes diretamente no espelho.

Essa variedade garante que a popa esteja protegida em todas as situações, desde manobras delicadas até dias de vento intenso na marina.

Para os botes de apoio, existem as defensas para dinghy, geralmente menores e mais leves. Elas evitam arranhões quando o bote é amarrado ao costado do barco principal ou em píeres flutuantes. Há modelos infláveis, fáceis de guardar, e também rígidos, mais resistentes ao uso frequente.

Cada tipo de defensa tem sua função específica, e a combinação de modelos diferentes garante uma proteção completa. Ter à disposição opções para costado, popa e bote aumenta a segurança nas manobras e traz tranquilidade durante a estadia em marinas ou fundeadouros movimentados.